Antes de mais, o que é a taxa de esforço?
Corresponde à proporção, à percentagem do rendimento de um agregado familiar necessária para pagar de um empréstimo. É no fundo um limite para que os bancos possam aceitar emprestar dinheiro, ou seja , é uma forma de avaliar a capacidade de cumprir as responsabilidades assumidas com um empréstimo". Atualmente, a recomendação do BdP é que a taxa de esforço não ultrapasse, no máximo, os 35% do rendimento.
E agora, o que pode mudar?
A intenção de alterar a taxa de esforço foi anunciada pela vice-governadora do BdP, Clara Raposo. Em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios, a responsável sublinhou que faz sentido rever a taxa de esforço, face às dificuldades atuais. A ideia é aumentar a taxa de esforço para facilitar acesso ao crédito.
E quando poderá ser feita essa alteração?
Ainda este ano. Clara Raposo revelou que no verão há uma melhor capacidade de prever a evolução futura das taxas de juro permitindo mais facilidade no acesso ao crédito para muitas famílias. No entanto, não se sabe ainda para que percentagem a taxa de esforço poderá subir
Ou seja, muitas famílias poderão obter um empréstimo de um valor mais elevado do que o esperado.
Sim, se uma família necessitar de 200 mil euros para comprara uma casa, se a prestação for de 700 euros, mas se esse valor corresponder a mais de 35% do rendimento mensal, será muito difícil hoje obter empréstimo bancário. Com o aumento da taxa de esforço, pode vir a ser possível.
E quem tem já um crédito habitação poderá rever a taxa de esforço para alguma eventualidade?
Não. De acordo com o BdP a solução tem como objetivo facilitar os novos créditos. Não estará assim prevista, através da taxa de esforço, qualquer alteração aos créditos já existentes.
No entanto, já ouvimos a DECO manifestar dúvidas sobre esta alteração. Porquê?
A Deco defende que a revisão da taxa de esforço no acesso a crédito poderá levar a mais riscos, porque no fundo alarga o quadro de dívida das famílias. Nesse sentido, a defesa do consumidor diz que o essencial é que as famílias que recorram ao crédito à habitação o façam de forma responsável e tendo em conta a capacidade financeira. Por outro lado, a Defesa do Consumidor insiste que é necessário apoiar, seja financeiramente, seja com ouro tipo de medidas as famílias para que reduzam a dívida e não, eventualmente agravar esse quadro.