O poder político tem de apostar mais nas artes. O apelo é feito pelo diretor artístico do Teatro D. Maria. No dia Mundial do Teatro, Tiago Rodrigues diz que é preciso olhar de outra maneira para a cultura, num sector onde há muita precariedade laboral.
“Um dia de alguma contestação, reflexão crítica e reivindicação acerca do teatro e das artes que em Portugal continuam a ter, do ponto de vista daquilo que é o apoio público, um lugar demasiado periférico para a importância que tem para a nossa identidade”, diz à Renascença.
Os trabalhadores do Organismo de Produção Artística (Opart) vão concentrar-se, esta terça-feira, junto ao Ministério da Cultura, em Lisboa, durante uma audiência dos sindicatos do setor com a tutela. Segundo o sindicato, além da situação dos trabalhadores do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) e da Companhia Nacional de Bailado (CNB), "serão também abordados temas de outras entidades de criação artística que dependem diretamente do Orçamento do Estado, tais como os teatros nacionais D. Maria II e São João, Casa da Música e orquestras regionais".
Questionado se está solidário com este clima de insatisfação, Tiago Rodrigues é perentório: “Absolutamente… e é um clima crónico. Digamos que a crise já existia no teatro antes da austeridade ter chegado e, agora, que estamos a sair parece a crise no teatro e nas artes em geral teima em manter-se”.
Para o diretor artístico do D. Maria é “ fundamental, em termos políticos, começar a olhar para a criação artística de outra maneira. A esmagadora maioria dos profissionais de teatro vive numa incerteza e precariedade que são inaceitáveis numa democracia europeia no século XXI”.
O Dia Mundial do Teatro é celebrado em Portugal com peças de teatro, debates, lançamentos de livros, leituras encenadas e uma homenagem ao ator João Ricardo, que morreu em novembro de 2017.
Em Lisboa, o Teatro Nacional D. Maria II volta a abrir as portas ao público, com entradas livres para atividades e espetáculos, sujeitos ao levantamento de bilhetes.