Na mesma semana em que aconteceu numa escola do Texas um horrível massacre - 19 crianças e duas professoras mortas - às mãos de um jovem de 18 anos e das armas semiautomáticas que ele empunhava, no Senado federal americano os deputados republicanos chumbaram uma proposta de lei introduzindo algumas restrições à venda de armas.
Também no Texas decorreu a convenção anual da National Rifle Association (NRA), o poderoso “lobby” das armas. Nessa convenção participou Donald Trump, que tem recebido considerável apoio financeiro da NRA. Trump apelou a “armar os americanos”, como se não bastassem os trágicos tiroteios em escolas e outros locais movimentados dos EUA.
Nenhum destes dois factos suscita qualquer surpresa, apesar de desde há dez anos se terem registado mais de 900 mortíferos tiroteios em escolas americanas. A receita dos defensores do livre uso e porte de armas é armar os professores.
Depois da mortandade na escola do Texas, desde o Papa Francisco até ao Presidente Biden pediram restrições à venda de armas. Nos EUA é mais fácil um adolescente comprar uma metralhadora do que um maço de cigarros. Em nenhum outro país vigora uma tal ausência de limitações e condições na venda de armas. Calcula-se que só em 2020 e 2021os americanos tenham comprado 43 milhões de armas de fogo, muitas delas (como aconteceu no massacre no Texas) podendo disparar quase simultaneamente vários tiros.
A segunda emenda à Constituição americana, de 1791, dá a cada cidadão o direito a possuir armas para sua defesa. Um direito que a vida no “far west” impunha. Mas esse tempo passou há muito. E a Constituição não impede que algumas condições sejam colocadas à venda de armas de fogo.
Agora os estados americanos mais permissivos nesta matéria, como é o caso do Texas, recebem armas produzidas em estados que colocam algumas restrições à venda de armas.
Quantas mais tragédias em escolas e outros locais, vitimando centenas de vítimas inocentes, terão de ocorrer até que nos EUA comecem a ser colocadas limitações à venda de armas?