Catarina Martins (BE) disse terça-feira à noite que há "enorme preocupação" com o estado das ferrovias e que as últimas jornadas parlamentares do partido chamaram a atenção para o problema.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse ter ouvido terça-feira as declarações da líder do CDS-PP, Assunção Cristas, em que esta anunciou que o partido vai requerer a antecipação para a próxima semana da Comissão Permanente da Assembleia da República, para que o ministro do Planeamento preste esclarecimentos sobre a situação das ferrovias.
Após questionada pelos jornalistas sobre o tema, a líder do BE considerou que o CDS-PP não está muito interessado no investimento na ferrovia.
"O que eles quiseram dizer é que querem privatizar ferrovias. Eu pergunto se alguém neste país se lembra da privatização de algum serviço estratégico de serviço público às populações que tivesse resolvido problemas", vincou a líder do BE.
Catarina Martins aproveitou para relembrar as privatizações da PT, dos CTT e as dos aeroportos.
"Tudo isto correu sempre mal, ficámos sempre a perder", disse a coordenadora bloquista.
O BE acrescentou que o projeto do CDS-PP para as ferrovias é dispensável.
"Um dos dirigentes do CDS-PP foi dirigente da CP até ao ano passado. A coligação PSD/CDS-PP teve sempre o projeto de poder fazer mal, para depois poder privatizar", indicou.
A coordenadora do BE disse que sempre que os serviços públicos foram privatizados, correram sempre pior.
"A nossa solução não é a privatização. O que é de todos precisa de investimento e a ferrovia precisa desse investimento para que haja condições de transporte no nosso país", concluiu Catarina Martins.
Na carta do grupo parlamentar do CDS-PP enviada ao presidente da Assembleia da República, os centristas requerem a Ferro Rodrigues que dê "início às diligências necessárias para a antecipação da Comissão Permanente para a próxima semana, designadamente, convocando a conferência de líderes para esse efeito".
Na missiva, os democratas-cristãos recordam "as diligências e os insistentes pedidos de esclarecimento ao Governo" por parte do partido e a "crítica generalizada ao colapso no transporte ferroviário" que tem sido feita.
Aos jornalistas, Assunção Cristas reiterou que o serviço ferroviário em Portugal "está um caos", acusando o Governo de ter feito "um desinvestimento sem precedentes" na ferrovia, o que tem implicações na qualidade do serviço prestado pela Comboios de Portugal (CP) e restantes empresas públicas do setor ferroviário.
A presidente do CDS-PP, o vice-presidente do partido Nuno Melo, e outros dirigentes centristas realizaram terça-feira diversas "ações de sensibilização e denúncia da situação do transporte ferroviário" em Portugal.
As iniciativas visaram alertar os portugueses para o "investimento público mais baixo de sempre na ferrovia em Portugal", a par da "pior execução e desperdício de fundos comunitários".