O Grupo Coral “Os Boinas”, de Ferreira do Alentejo, encerrou, esta quinta-feira, a apresentação da 16º edição do Festival Terras Sem Sombra, em Praga.
A viagem prometia. Ainda não tínhamos embarcado no avião e já se ouvia Cante Alentejano no aeroporto. Depois, a bordo do A-320 da TAP que fez a ligação Lisboa-Praga, passageiros e tripulação foram surpreendidos por mais uma atuação espontânea, quando sobrevoavam Paris. Mas o palco estava à espera no destino, em Praga. Era para a cidade checa que o Grupo Coral Os Boinas, de Ferreira do Alentejo, tinha prevista a participação, na apresentação do Festival Terras Sem Sombra, que na sua 16ª edição tem como país convidado a terra do compositor Anton Djovak.
No Convento de Santa Inês da Boémia, do estilo gótico, com tradução simultânea, foi dada a conhecer a programação do festival que decorre a partir de 18 de janeiro em 13 concelhos de quatro distritos do Alentejo.
“A República Checa desemboca com toda a sua energia no território do Alentejo, traz uma programação de altíssima qualidade que traça uma panorâmica da música checa” explicou José António Falcão na apresentação. A seu lado estiveram a vice-ministra da cultura checa, o diretor artístico do festival Juan Ángel del Campo e o novo embaixador de Portugal na República Checa.
Para o diplomata Luís de Almeida Sampaio o festival e o evento de apresentação, preparado em grande parte pela sua antecessora, são “um ato diplomático de primeira grandeza.” As palavras do embaixador surgiram depois da plateia ter ficado rendida ao Cante Alentejano do Grupo Coral Os Boinas.
De capotes alentejanos vestidos e boinas na cabeça, o grupo tomou o palco no final da apresentação do festival. Começaram por cantar um tema dedicado à sua terra, Ferreira do Alentejo, que o autarca local, Pita Ameixa –também presente na cerimónia – diz que “já se tornou num hino” da cidade.
À Renascença, Fernando Candeias, uma das vozes de “Os Boinas” manifesta-se orgulhoso da atuação e confessa ficar emocionado “quando as pessoas vêm dizer que sentiram, aqui em Praga, o campo do Alentejo”.
Ao seu lado, está o pequeno Afonso Pancada, de capote e boina. Conta-nos que tem 12 anos. “Está desde os sete anos” no Grupo Coral onde também o pai participa. Não foi, porém, o pai quem obrigou Afonso a participar no Grupo de Cante Alentejano, o jovem confirma que foi ele que quis. Quando lhe perguntamos o que transmite quando canta, afirma: “alegria, conforto, exprime os nossos sentimentos na música e faz bem às pessoas.”
Património imaterial classificado pela UNESCO, o Cante Alentejano tem somado seguidores e o Grupo Coral “Os Boinas” é exemplo disso. Com 30 elementos, o conjunto tem diversos jovens que abraçam esta arte que veio a Praga dar-se a conhecer.
Quem também se apresentou ao público foram alguns dos músicos checos que irão a Portugal em breve para o Terras Sem Sombra. Desde logo, as Tiburtina Ensemble que irão tocar a 18 de janeiro em Vila de Frades, na Igreja Matriz de São Cucufate.
A soprano e harpista Barbora Kabátková explicou à Renascença o entusiasmo por tocarem pela primeira vez a Portugal, onde apresentarão a obra de Hilde-garda de Bingen.
Também entusiasmado está Ludek Boura, dos Clarinet Factory, que regressam a Portugal 17 anos depois para um concerto no Castelo de Sines, a 16 de maio. Em entrevista à Renascença, o músico recordou a passagem anterior pelo nosso país, além de Lisboa, atuaram na Nazaré onde recorda as ondas.
Importante, para este grupo de jazz checo é um amigo português, Vítor Ascensão que vive em Bruxelas, mas que no passado os ajudou a definir o estilo musical do grupo e chegou mesmo a escrever uma letra para uma das músicas dos Clarinet Factory, que “certamente” irão tocar em Sines.
Para saber mais sobre o Festival Terras Sem Sombra poderá ouvir o programa Ensaio Geral da Renascença, depois das 23h.