A decisão de construir o novo Hospital do Oeste no concelho do Bombarral apanhou de surpresa os autarcas de Óbidos, Caldas da Rainha e Rio Maior.
Comunicada pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira aos autarcas da região Oeste, a escolha recaiu sobre um terreno camarário na Quinta do Falcão, no concelho do Bombarral, com mais de 50 hectares e distando dois quilómetros de um nó da autoestrada 8 e a quatro quilómetros da estação do caminho-de-ferro.
Os concelhos de Óbidos, Caldas da Rainha e Rio Maior defendiam outra localização para a infraestrutura – no norte da região Oeste, na confluência dos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos - que, continuam a dizer, responderia melhor às necessidades da região e do país.
A localização proposta teria, no entender dos autarcas, melhores condições para a formação de profissionais de saúde, além de melhores acessibilidades.
Para o autarca de Óbidos, a decisão do Bombarral já estava tomada há muito tempo, só tendo sido adiada devido à apresentação da proposta das três autarquias.
Filipe Daniel admitiu à Renascença ter ficado surpreendido com a decisão do Governo, tendo em conta, não só as melhores condições apresentadas, mas também o facto de o Bombarral ter de criar infraestruturas, o que não aconteceria na localização proposta pelos três autarcas.
Por outro lado, “o Ministério da Saúde não conseguiu rebater os nossos argumentos”, o que torna mais estranha a decisão, afirmou o autarca de Óbidos.
Já o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Vítor Marques, reconheceu, em declarações à agência Lusa, vantagens "na tipologia" do novo hospital, que "vem mitigar mais de 90% das necessidades hospitalares" da região, mas disse discordar dos critérios que levaram à escolha do Bombarral.
Aludindo à intenção do concelho de Mafra e de freguesias de Alcobaça e Nazaré deixarem de ser servidas pelo novo hospital, Vítor Marques sublinhou que "o pressuposto que levou à decisão (distância e localidades servidas) hoje já não faz parte, mas a decisão manteve-se".
Para o presidente da Câmara do Bombarral, o concelho está preparado para receber o novo hospital do Oeste, já previsto no plano estratégico 2030, apresentado nesta segunda-feira ao executivo.
"Estamos preparados para trabalhar com o Ministério da Saúde para que se construa este hospital o mais rapidamente possível", afirmou Ricardo Fernandes.
Para o autarca socialista, "quem fica a ganhar é todo o Oeste".
Em novembro de 2022, a OesteCim entregou um estudo encomendado à Universidade Nova de Lisboa para ajudar o Governo a decidir a localização, documento que apontava o Bombarral como a localização ideal.
Em março, as câmaras das Caldas da Rainha e de Óbidos entregaram ao ministro um parecer técnico a contestar os critérios utilizados no estudo e a defender medidas de mitigação dos impactos se as Caldas da Rainha deixar de ter hospital, assim como a localização do novo hospital na confluência daqueles dois concelhos.
O novo hospital irá substituir o atual Centro Hospitalar do Oeste, que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.