O primeiro-ministro, António Costa, escusou-se esta quinta-feira a comentar a atual controvérsia com o seu ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, remetendo mais explicações para quando regressar a Lisboa esta tarde.
A partir de Madrid, onde esteve esta manhã para a conclusão da cimeira da NATO, Costa não quis esclarecer se vai ou não demitir Pedro Nuno Santos, horas depois de o seu gabinete ter anunciado a revogação de um despacho ontem publicado pelo Ministério das Infraestruturas para avançar com o novo aeroporto Montijo-Alcochete.
"Não falo sobre questões nacionais fora do país", indicou Costa em resposta aos jornalistas. "Brevemente estarei em Portugal e, se for necessário, direi mais alguma coisa", adiantou, garantindo que não abre exceções à regra de não comentar assuntos internos em viagens ao estrangeiro, mas não sem antes rematar que o comunicado do seu gabinete "expressa exatamente" a sua posição quanto ao assunto.
O gabinete do primeiro-ministro indicou hoje que a solução para ampliar o aeroporto de Lisboa "tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República".
"Compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da ação governativa", é adiantado no comunicado. "O primeiro-ministro procederá, assim que seja possível, à audição do líder do PSD que iniciará funções este fim-de-semana, para definir o procedimento adequado a uma decisão nacional, política, técnica, ambiental e economicamente sustentada."
Os partidos com assento parlamentar já reagiram à controvérsia, dizendo a uma só voz que o ministro "não tem condições" para continuar no cargo e inclusivamente pedindo que o Presidente da República intervenha caso se prove necessário.
A participar na Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa, esta manhã, Marcelo Rebelo de Sousa não comentou ainda o caso.