O Papa Francisco revela num livro-entrevista publicado esta sexta-feira que não ganha nada e critica os membros do clero que “têm carros de luxo” e dão testemunhos negativos.
“Eu não ganho nada - essa é a resposta - mas mesmo nada! Sou sustentado e, se precisar de alguma coisa, peço. Dizem-me sempre que sim, na verdade. Não se discute com o Papa. Se eu precisar de sapatos, peço”, diz Francisco.
O Papa refere que “é bom” quando se está “tão protegido”, como é o seu caso, e poder andar de “bolsos vazios”.
“Na falta de proteção, porém, é preciso ter algo no bolso”, assinala o Papa, esclarecendo que a sua pobreza “é fictícia, porque não me falta nada”.
Questionado sobre a pobreza no mundo, responde com algumas críticas ao clero.
“Dói-me que homens da Igreja, padres, bispos, cardeais, dirijam carros de luxo e, longe de darem o exemplo da pobreza, deem os testemunhos mais negativos”, diz.
O livro “Em diálogo com o mundo” contém as respostas do Papa às 100 questões que lhe foram colocadas pobres de todo o mundo e de acordo com portal ‘Vatican News’, espelha os “quatro longos encontros” de Francisco com pequenos grupos de sem-abrigo e trabalhadores precários da Associação Lazare, na Casa de Santa Marta.
As perguntas foram feitas por crianças das favelas brasileiras e mulheres das planícies indianas, crianças do deserto iraniano e americanos sem-abrigo, prostitutas asiáticas e famílias malgaxes.
Christian, Ricardo, Philippe, Manoli, Diana, Jesús, Charlotte, Orelio, Alain atuaram como porta-vozes dos pobres de 80 países, que dirigiram as suas perguntas ao Papa através de Lazare e de cerca de vinte associações e ONG dos cinco continentes, como Fidesco ou Enfants du Mékong.
De acordo com o Vaticano, os direitos de autor do livro revertem em favor destas instituições.