A meio caminho dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030, dois terços dos indicadores relacionados com crianças estão atrasados para alcançar as suas metas, de acordo com um novo relatório da UNICEF.
Portugal já entregou este ano o seu relatório voluntário. E a UNICEF já fez recomendações.
Em declarações à Renascença, Beatriz Imperatori, diretora executiva da UNICEF Portugal, diz que Portugal tem indicadores “muito positivos”.
“Na saúde, temos indicadores muito positivos, como por exemplo, da mortalidade infantil ou das taxas de cobertura de vacinação, mas também sabemos que o próprio sistema de saúde tem de se adaptar. Aquilo que a evidência mostra é que na dimensão saúde Portugal está bem. Mas o estar bem não quer dizer que fiquemos assim nos próximos anos porque a tensão que o Serviço Nacional de Saúde enfrentará, se não fizer uma reorganização, se não for dotado de mais meios”, diz.
Outro dos efeitos que é importante ter em conta é a subida de preços.
“É o impacto da inflação nas condições básicas de vida das pessoas. Voltamos a falar de pobreza. As condições da habitação em que as crianças vivem. Nós estávamos habituados, por exemplo, a falar em Portugal do impacto do frio na capacidade de viver de uma forma saudável nas habitações tendo em conta a construção que temos. Neste momento o calor vai exercer uma pressão igualmente forte na qualidade das habitações e, portanto, é uma adaptação que também tem de ser feita e tem que ser pensada”, afirma.
O relatório "Progressos no bem-estar das crianças: Centrar os direitos da criança na Agenda 2030" alerta que, até à data, apenas 6% da população infantil – ou seja, 150 milhões de crianças – que vive em apenas 11 países ter alcançado 50% das metas relacionadas com as crianças – o nível mais alto de realização a nível global.
Se os progressos previstos se mantiverem, apenas um total de 60 países – que abrigam apenas 25% da população infantil – terão alcançado as suas metas até 2030, deixando para trás cerca de 1,9 mil milhões de crianças em 140 países.
A análise reúne mais de 20 anos de dados relativos a mais de 190 países, comparando a situação atual dos países com o que pretendem alcançar nos próximos sete anos, identificando os desafios e oportunidades para uma ação acelerada. Os resultados mostram um cenário variado de progressos e retrocessos face aos objetivos globais.
De acordo com o relatório, o desenvolvimento acelerado é possível com um forte compromisso nacional, políticas eficazes e financiamento adequado, com alguns países de baixo e médio-baixo rendimento a registarem a taxa de progresso mais rápida.