Especialistas das Nações Unidas apelaram esta quarta-feira à libertação do jornalista Dawit Isaak, preso sem julgamento na Eritreia desde 2001, sem nunca ter sido julgado, e cujo destino permanece desconhecido.
O apelo foi assinado por dois relatores da ONU e aprovado por outros dois relatores e pelo Grupo de Trabalho Grupo de Trabalho da ONU sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários, noticiou a AFP.
O jornalista Dawit Isaak, que tem dupla nacionalidade sueco-eritreia, foi preso em setembro de 2001 após ter publicado artigos no jornal que tinha criado na Eritreia, apelando a reformas no seu país.
"Ele deve ser libertado imediatamente", defendeu Mary Lawlor, relatora especial sobre a situação dos defensores dos direitos humanos.
Lawlor explicou que recebeu relatos de que Isaak, durante os primeiros anos de prisão, "foi frequentemente levado para o hospital, o que por si só era preocupante".
"Agora não recebemos notícias e é pior. Tememos pela sua vida", acrescentou, pedindo à Eritreia para, pelo menos, apresentar provas de que o jornalista "está vivo e de boa saúde".
O jornalista fugiu para a Suécia em 1987, aquando da guerra com a Etiópia, que levou à independência da Eritreia em 1993, tendo regressado em 2001.
O país é classificado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) como um dos três mais repressivos em relação à comunicação social e jornalistas, atrás da Coreia do Norte e do Turquemenistão.
"Segundo uma fonte credível, Isaak estava vivo em setembro de 2020, o primeiro sinal de vida em sete anos", disseram os especialistas da ONU num comunicado.
"Está alegadamente detido na prisão de Eiraeiro, um centro de detenção tristemente conhecido pelas suas [más] condições, onde se diz que a tortura é uma prática comum e que muitos dos detidos morrem sob custódia", acrescentaram.