O ministro do Ambiente e Ação Climática garantiu esta sexta-feira que não está nos planos do Governo reativar as centrais a carvão, apesar da insistência de alguns.
No debate do programa do Governo que está a decorrer no Parlamento, Duarte Cordeiro afirmou que seria mais caro, além de que Portugal ficaria mais dependente da Rússia.
“Não pretendemos reativar as centrais a carvão que tantos, tantas vezes, insistem que consideremos. Esses, os defensores de uma economia dependente e de uma descarbonização adiada, nem pensam no preço absurdo que a eletricidade atingiria, tendo em conta os seus custos de produção”, argumentou, para acrescentar que “também não considerariam a falta de segurança que representaria a dependência de um mercado do carvão dominado pela Rússia”.
Na Assembleia da República, o novo ministro do Ambiente ouviu ainda criticas ao Governo em matérias como o reaproveitamento de resíduos ou combate à seca. Na resposta, Cordeiro lembrou que as chuvas de março acabaram por tirar o país da situação de seca extrema.
“Com as chuvas que tivemos em março, estamos, felizmente, numa situação um bocadinho melhor, já não estamos em situação de seca extrema, mas temos um longo caminho pela frente”, referiu.
“Temos um caminho de trabalho no que diz respeito a eficiência no consumo das águas, seja do ponto de vista doméstico ou do ponto de vista da agricultura. Temos um caminho para fazer no que diz respeito, nomeadamente à instalação, e está no programa do Governo, a questão dos planos hídricos que nós temos de adotar, especialmente nas regiões que têm sido mais atingidas pela seca, e temos todo um trabalho na eficiência de toda a estrutura da rede”, assim como “de aproveitamento das nossas águas residuais e pluviais”, justificou.
No debate, o governante enumerou as prioridades do seu ministério, nomeadamente no que diz respeito aos mecanismos que permitam desligar o preço da eletricidade do preço do gás natural. Nesta matéria, Duarte Cordeiro garantiu que o acordo ibérico, apresentado em Bruxelas, sobre a tarifa mais baixa do gás, protege consumidores e empresas.
“O que estamos a fazer é pegar nos ganhos do sistema e a suportar tarifas mais baixas para os consumidores”, estes que “vão beneficiar da tarifa mais baixa do gás, porque se nós fixarmos uma tarifa mais baixa do gás, estamos a fixar uma tarifa mais baixa da eletricidade”, mencionou.
“Neste momento, felizmente, temos um sistema mais protegido que o resto da Europa”, observou o ministro, alegando uma “menor pressão inflacionista sobre o preço da eletricidade”.
Situação que fica a dever-se, segundo Cordeiro, às “muitas empresas que têm contratos de médio e longo prazo”, por isso, “temos tarifa regulada para os consumidores”, embora se tenha registado “um aumento de 3%”
“Se nós conseguíssemos que a medida que estamos a negociar com a Comissão Europeia fosse aprovada, poderíamos até diminuir a reversão do aumento na tarifa de eletricidade para os consumidores”, disse.
“Se isto não é ganho para os consumidores, então eu não sei o que é ganho para os consumidores”, rematou.