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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu este sábado que "o país tem de conhecer exactamente a dimensão da tragédia" do incêndio de Pedrógão Grande.
"O país tem de conhecer exactamente a dimensão da tragédia. É um caso, mas todos os casos são igualmente importantes", afirmou Catarina Martins, em Valongo, distrito do Porto, reagindo assim a uma notícia do “Expresso” de que a lista de 64 mortos do incêndio de Pedrógão Grande exclui vítimas indirectas.
De acordo com o semanário, os critérios para elaborar a lista oficial das vítimas mortais do incêndio que deflagrou há cerca de um mês naquele concelho "excluem mortes indirectas", designadamente a de uma mulher que foi atropelada quando fugiu das chamas.
Para Catarina Martins, que classificou a notícia como "perturbadora", a senhora "não estaria contabilizada, mas é na mesma vítima daquela tragédia".
"Todas as pessoas têm de ser respeitadas no que aconteceu. Existir um caso significa que há alguma coisa que não está bem feita", disse, acrescentando ser essencial ouvir as populações afectadas pelo incêndio no âmbito da investigação que está a decorrer.
A coordenadora do BE frisou que "nenhuma" pessoa que estava naquela circunstância "pode deixar de ser lembrada".
Também o PSD pede esclarecimentos ao Governo.
Os social-democratas querem que o Executivo explique os critérios que foram utilizados para contabilizar o número de vítimas mortais do incêndio de Pedrogão grande.
Teresa Morais diz que não podem persistir duvidas e acusa o executivo de António Costa de ter andado pelas zonas afectadas pelos incêndios só para fazer anúncios. “O Governo por sua iniciativa tem deambulado pelo território queimado, tem anunciado muita coisa, mas não tem esclarecido, nem tem prestado aos portugueses a informação que se impõe. Hoje tudo isso é agravado por uma notícia num jornal de referência e que só pode preocupar quem a lê.”
“Há questões que exigem uma resposta urgente, que só o Governo pode dar, porque só o Governo domina a informação sobre essa matéria. É isto que estamos a pedir. Esclareça que critérios é que utilizou, se é verdade que nos critérios que utilizou, não contemplou todas as mortes, e porquê. Essa é uma explicação que só o Governo pode dar”, diz a deputada do PSD, eleita pelo círculo eleitoral de Leiria
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de Junho, no distrito de Leiria, provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
A área destruída por estes incêndios na região Centro corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em Março.
O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.