O Papa Francisco presidiu, esta quinta-feira, à eucaristia no Santuário Nacional de Sainte Anne de Beaupré, a 30 quilómetros de Québec, e que é considerado o mais antigo lugar de peregrinação da América do Norte. A primeira igreja foi construída em 1658 e após muitas remodelações e um violento incêndio no início do século XX, o atual edifício foi consagrado em 1976.
Na homília, centrada no evangelho que relata a viagem dos discípulos de Emaús, Francisco referiu ser esta “uma imagem do nosso caminho pessoal e da Igreja”.
“Na estrada da vida e vida de fé, ao levarmos por diante os sonhos, os projetos, os anseios e as esperanças que habitam no nosso coração, embatemos também nas nossas fragilidades e fraquezas, experimentamos derrotas e deceções e, às vezes, ficamos prisioneiros da sensação de fracasso que nos paralisa”, disse.
Ora, no entender do Papa, o mesmo Evangelho anuncia-nos que, mesmo em tais momentos, não estamos sozinhos.
“Quando o fracasso deixa espaço ao encontro com o Senhor, a vida reabre-se à esperança e podemos reconciliar-nos connosco, com os irmãos, com Deus”, apontou, desafiando, depois, a seguir o “itinerário deste caminho que poderíamos intitular do fracasso à esperança”.
Perante o fracasso, tal como foi vivenciado pelos discípulos de Emaús, são naturais determinadas questões - disse o Papa - “Que aconteceu? Porque é que aconteceu? Como pôde acontecer?”.
“São as perguntas que cada um põe a si mesmo; e são também os interrogativos ardentes que esta Igreja peregrina no Canadá faz ressoar no seu coração num árduo caminho de cura e reconciliação. Também nós, perante o escândalo do mal e o Corpo de Cristo ferido na carne dos nossos irmãos indígenas, caímos na amargura e sentimos o peso do fracasso”, explicou.
E aqui, o Papa pediu para se unir espiritualmente a tantos peregrinos que percorrem aqui a «Escada Santa», que evoca a escada subida por Jesus até ao Pretório de Pilatos, e vos acompanhe como Igreja nestas interrogações que brotam dum coração cheio de pesar: Porque é que aconteceu tudo isto? Como pôde isto acontecer na comunidade daqueles que seguem Jesus?”.
De seguida, Francisco alertou que “devemos ter cuidado com a tentação da fuga”, porque, “não há nada pior, perante os fracassos da vida, do que fugir para não os enfrentar”.
“O evangelho, ao contrário, revela-nos que precisamente nas situações de deceção e tristeza, precisamente quando, atónitos, experimentamos a violência do mal e a vergonha da culpa, quando o rio da nossa vida seca no pecado e no fracasso, quando, despojados de tudo, nos parece não ter mais nada, precisamente, então, é que o Senhor vem ao nosso encontro e caminha connosco”, assegurou.
“Que havemos de fazer, enquanto nos vemos atribulados por várias provações espirituais e materiais, enquanto procuramos a estrada para uma sociedade mais justa e fraterna, enquanto desejamos recuperar das nossas deceções e fadigas, enquanto esperamos sarar das feridas do passado e reconciliar-nos com Deus e entre nós?”, questionou.
“Só há uma estrada, um único caminho: é o caminho de Jesus”, disse Francisco.
O Papa encontra-se em visita apostólica ao Canadá, até ao dia 30 de julho. Esta tarde reúne-se na catedral de Notre Dame de Québec, com os bispos, padres, religiosos, seminaristas e agentes de pastoral para rezar a oração de vésperas.
Francisco é o segundo Papa a passar pelo Canadá, que recebeu São João Paulo II por três vezes: 1984, 1987 e 2002.