A Polícia Judiciária constituiu três médicos arguidos no "Operação O negativo", também conhecida como "Máfia do Sangue".
De acordo com o comunicado, foram realizadas esta terça-feira "diversas diligências de busca e apreensão em residências, gabinetes de contabilidade, consultórios médicos e Centros Hospitalares de Lisboa e Porto, com o objectivo de detetar e apreender elementos relacionados com a prática dos factos em investigação".
Os três arguidos são médicos da especialidade da imunohemoterapia com responsabilidades nos concursos em investigação.
Nas buscas estiveram envolvidos 50 elementos da Judiciária, três juízes de instrução e três procuradores da república do DCIAP.
O caso está relacionado "com a obtenção, por meios ilícitos, de uma posição de domínio no fornecimento ao Serviço Nacional de Saúde de produtos hemoderivados e plasma humano inactivado, estando em causa a eventual prática de crimes de corrupção passiva e activa, recebimento indevido de vantagem e branqueamento", lê-se na nota.
Buscas na Suíça e na Alemanha
A "Operação O negativo" foi conhecida em Dezembro de 2016. Nessa altura, as autoridades detiveram o ex-presidente do INEM Luís Cunha Ribeiro. Depois, já em Janeiro de 2017, foi detido Lalanda e Castro, ex-administrador da farcmcêutica Octapharma.
O caso obrigou a buscas no estrangeiro, na Suíça e na Alemanha, país onde foi detido Lalanda e Castro.
Em Março de 2017, estes dois arguidos deixaram de estar em prisão domiciliária, sendo que pelo menos Lalanda e Castro teve de pagar uma caução de um milhão de euros.
Os factos remontam a 1999, quando a farmacêutica suíça Octapharma assegurou o concurso de venda de plasma inactivado (uma componente do sangue) aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Cunha Ribeiro era então presidente do júri do concurso e a farmacêutica assegurou um negócio que envolvia 137 milhões de euros, segundo números divulgados na altura pela imprensa.