O tenista espanhol Rafael Nadal e o britânico Andy Murray criticam a posição dos organizadores de Wimbledon em banir tenistas russos e bielorussos.
Nadal, vencedor de 21 Grand Slams, considera a medida de impedir a participação de atletas dos dois países, como "injusta". "Que culpa têm os meus colegas do que se está a passar na guerra? Tenho muita pena deles e oxalá não fosse assim, mas é o que temos", acrescenta.
"Quando o Governo toma medidas temos de segui-las. Neste caso é [a organização de] Wimbledon quem toma a decisão, sem ser obrigado a fazê-lo", diz Nadal atual número quatro do "ranking" ATP, lembrando a decisão tomada pelos responsáveis do torneio.
O tenista que venceu a prova de Wimbledon duas vezes remata falando de uma posição "muito injusta" para os tenistas que vão falhar a prova. Sem russos, a competição masculina perde o número dois do "ranking", Daniil Medvedev, e o oitavo da hierarquia mundial de ténis, Andrey Rublev.
Andy Murray ao lado de Nadal
À semelhança de Rafael Nadal, o britânico Andy Murray critica o boicote. "Sinto-me muito mal pelos tenistas que não são autorizados a jogar e percebo que lhes pareça injusto", diz o também vencedor de dois torneios de Wimbledon.
Face à possibilidade de os jogadores banidos poderem jogar caso assinassem uma declaração a dizer que são contra a guerra, Murray mostra algumas reservas. "Não sei o quão confortável me sentiria se algo acontecesse a um jogador ou às suas famílias [por não terem assinado o documento]", adita, antes de acrescentar que não lhe parece que haja uma resposta certa.
Em resposta à posição dos organizadores de Wimbledon, também o Kremlin condenou a suspensão. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garante que a prova vai "sofrer" sem a qualidade dos russos.
Tenistas ucranianos defendem boicote e criticam colegas
Face a esta tomada de posição, que também foi criticada por Novak Djokovic, vários ucranianos têm-se manifestado contra os tenistas que se opõem ao boicote.
No twitter, em resposta a Rafael Nadal quanto à injustiça da participação dos atletas boicotados, Sergiy Stakhovsky, antigo número 31 do "ranking" ATP, atira: "É justo que os tenistas ucranianos não possam regressar a casa? É justo que as crianças ucranianas não possam jogar ténis? É justo estarem a morrer ucranianos?"
Stakhovsky não é o primeiro tenista ucraniano a defender medidas mais duras que obrigassem a este boicote. Em março, Alexandr Dolgopolov, antigo 13.º classificado da hierarquia mundial de ténis, exigiu que a Rússia fosse suspensa "de tudo o que é organizado pelo mundo livre".