O diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas desafiou, em outubro, os bilionários de todo o mundo a doarem cerca de cinco mil milhões de euros para combater a fome no mundo.
Elon Musk respondeu ao apelo, no passado domingo, e disse que entregaria a totalidade do valor à ONU, se a organização fosse capaz de demonstrar como usaria o equivalente a 2% da sua fortuna para acabar com a fome no mundo.
Num tweet, em resposta ao bilionário, David Beasley, diretor executivo da PAM, adiantou que nunca disse que o dinheiro seria suficiente para erradicar a fome, mas sim capaz de "prevenir instabilidade geopolítica, migrações em massa e impedir 42 milhões de pessoas de morrerem à fome”.
Musk não ficou convencido e reforçou o pedido de esclarecimento, apelando a Beasley que publicasse “os atuais e previsíveis gastos, em detalhe, para que as pessoas possam ver para onde vai exatamente o vosso dinheiro”.
"Em vez de escrever tweets, permita-me que lhe mostre. Podemos encontrar-nos em qualquer lugar - na Terra ou no Espaço - mas sugiro que seja no terreno para que possa ver o método dos nossos trabalahadores e, sim, a tecnologia a funcionar. Levarei o plano e um livro aberto", respondeu diretor da agência.
David Beasley não obteve, ainda, resposta, pelo menos, publicamente.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial, a quem foi atribuído o prémio nobel da Paz em 2020, cerca de 42 milhões de pessoas, de 43 países, estão na iminiência de morrer à fome.
Já o Índice Global da Fome 2021 alertou, este ano, para retrocessos na luta contra a fome, com cerca de 50 países a não conseguirem atingir a Fome Zero até 2030.
Segundo o relatório divulgado pela ONG "Ajuda em Ação", a situação da segurança alimentar no mundo tornou-se em 2020 e 2021 ainda mais grave, devido ao “cocktail tóxico da crise climática, da pandemia e de conflitos violentos, cada vez mais graves e prolongados”.
O mesmo estudo dá, ainda, conta de que “a pobreza extrema aumentou pela primeira vez em 20 anos e a fome está de volta”.
Fundado em 1961, o PAM tem sede em Roma e é totalmente financiado por contribuições voluntárias. Em 2020, distribuiu 15 mil milhões de refeições e assistiu 97 milhões em 88 países.