União Europeia traça planos para definir gás e nuclear como energia verde
01-01-2022 - 16:42
• Reuters
Espera-se que a Comissão Europeia proponha regras, já em janeiro, para decidir se os projetos que têm como base o gás e a energia nuclear serão vistos como "financiamento sustentável".
Ao restringir o rótulo "verde" a projetos realmente amigos do ambiente, pretende-se atrair capital privado e romper com a "lavagem verde", onde as empresas doam ou investem algum do seu dinheiro em marcas próximas do ambiente, mas sem de facto fazerem algo significativo para combaterem as alterações climáticas.
Um rascunho da proposta da Comissão, a que a Reuters teve acesso, irá colocar o rótulo verde nos investimentos em centrais nucleares, se o projeto tiver um plano, fundos e um local para descartar resíduos radioativos com segurança. Para serem consideradas verdes, as novas centrais nucleares devem receber licenças de construção antes de 2045.
Os investimentos em centrais de gás natural também seriam consideradas verdes se produzirem emissões abaixo de 270g de CO2 por kWh, para substituir uma central de combustível fóssil, que seja mais poluente, com licenças a poderem ser disponibilizadas até 31 de dezembro de 2030.
O gás e a energia nuclear seriam rotuladas como verdes, com o fundamento de que são atividades "transitórias" - definidas como aquelas que não são totalmente sustentáveis, mas que têm emissões abaixo da média da indústria.
"Tendo em conta os pareceres científicos e o progresso tecnológico atual, bem como os diversos desafios de transição entre os Estados-Membros, a Comissão considera que existe um papel para o gás natural e a energia nuclear como meio de facilitar a transição para um futuro predominantemente baseado nas renováveis", afirmou a Comissão em comunicado, acrescentando que as consultas para os projetos começaram na sexta-feira.
Os países da UE e um painel de especialistas examinarão a minuta da proposta, que pode mudar antes de ser publicada no final de janeiro. Depois de publicada, pode ser vetada pela maioria dos países da UE ou pelo Parlamento Europeu.
O gás natural emite cerca de metade das emissões de CO2 do carvão quando queimado em centrais de energia, mas a infraestrutura do gás também está associada a fugas de metano, um potente gás que aquece o planeta.
Os conselheiros da UE recomendaram que as centrais a gás não sejam rotuladas como investimento verde, a menos que atendessem a um limite de emissões inferior de 100g CO2e / kWh, com base nos profundos cortes de emissões que os cientistas dizem ser necessários para evitar mudanças climáticas desastrosas.
Alguns ativistas ambientais criticaram a proposta conhecida este sábado. A WWF Áustria disse, numa publicação de Twitter, que rotular o gás e o nuclear como verdes levaria a "investimentos de milhares de milhões em indústrias que prejudicam o clima".
A Áustria opõe-se à energia nuclear, ao lado de países como a Alemanha e o Luxemburgo. Alguns países da UE, incluindo a República Checa, Finlândia e França, fabricam cerca de 70% de sua energia a partir do combustível e consideram a energia nuclear crucial para a eliminação gradual da energia do carvão.