O Presidente da República português escusou-se esta quinta-feira a comentar "o processo eleitoral em curso" em Angola e desejou que as cerimónias fúnebres José Eduardo dos Santos decorram "num clima de paz e de normalidade democrática".
No final de uma visita à 92.ª Feira do Livro de Lisboa, que durou mais de uma hora, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o anúncio da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola de que o MPLA venceu as eleições gerais no país com 51,07%, seguido da UNITA com 44,05% dos votos, quando estavam escrutinadas 97,3% das mesas de voto.
"O processo eleitoral está em curso, não vou comentar", disse o chefe de Estado português, que viajará para Angola na sexta-feira à noite para participar no funeral do antigo presidente José Eduardo dos Santos, previsto para domingo.
Questionado se espera que existam condições para que essa cerimónia decorra de forma pacífica, o Presidente da República manifestou esse desejo.
"Fui convidado, lá estarei, não tenho dúvidas quanto a um ponto: é importante que haja aquilo que verdadeiramente é fundamental na vivência de uma democracia, que é a naturalidade do processo democrático e o respeito desse processo", disse.
Uma vez que o funeral do antigo Presidente de Angola coincide ainda com o processo eleitoral, "o que é natural e positivo é que tudo decorra num clima de paz e de normalidade democrática", desejou.
Marcelo Rebelo de Sousa visitará na sexta-feira a Feira do Livro do Porto, regressando depois a Lisboa para voar para Luanda acompanhado do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
Os resultados provisórios foram divulgados hoje pelo porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) elege 124 deputados e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) fica com 90 assentos parlamentares.
A histórica Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Partido de Renovação Social e o estreante Partido Humanista de Angola, único liderado por uma mulher (Bela Malaquias) elegem dois deputados cada um e a coligação CASA-CE deixa de ter representação parlamentar.