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São de emoção e alegria as reacções recolhidas pela Renascença à notícia da canonização dos pastorinhos durante a visita papal ao santuário de Fátima e na altura em que se celebra o centenário das aparições.
D. Amândio Tomás, bispo de Vila Real, considera o “acontecimento maravilhoso”.
“Já era um acontecimento importantíssimo o do centenário das aparições, outro a vinda do Papa para essa celebração, que estava já confirmada, agora temos um terceiro motivo, a canonização a realizar em Fátima”, afirma.
Por ser aqui, “terá um grande auditório. Como teria em Roma, mas ser aqui, a nós portugueses toca-nos, e muito! Estou radiante, evidentemente, é sem dúvida um motivo de grande alegria para os cristãos e para Portugal”, acrescenta.
D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, também considera a notícia “alegre e feliz, uma surpresa neste centenário e uma graça que Deus, por meio do Papa Francisco, oferece a toda a Igreja”.
“Francisco e Jacinta são o rosto da ternura, da limpidez do coração, do amor a Deus e aos outros, e ser a 13 de Maio, no centenário, neste ano jubilar da mensagem de Fátima e com a presença do Papa, de facto, é uma redobrada alegria e uma enorme gratidão e esperança para a vida espiritual de todos os cristãos, e dizer que a santidade está ao alcance de todos”, destaca.
Quem também não escondeu a sua "alegria e comoção indiscritíveis" foi a postuladora da causa de canonização dos pastorinhos, irmã Ângela Coelho, que estava presente no consistório onde o Papa anunciou, esta quarta-feira, a decisão.
Em declarações à Renascença, a irmã Ângela afirma que esta decisão confirma a "importância deste lugar para a Igreja em Portugal e para o mundo inteiro. Um lugar onde houve uma mensagem que agora sabemos leva à santidade."
“Ao coração do acontecimento”
Na opinião do bispo auxiliar de Braga e antigo assistente espiritual do Movimento da Mensagem de Fátima, a decisão do Papa Francisco vai ao encontro da “verdade” e ao “coração do acontecimento”.
“O Papa Francisco tem esta particularidade, este dom que o Senhor lhe concede de fazer acontecer o Evangelho no nosso tempo, no século XXI. Como tal, ele quer que no coração do acontecimento, ali onde a História se fez, seja proclamada, com toda a beleza da presença de uma multidão que sente a Mensagem, a canonização, a proclamação da santidade daquelas duas crianças. Não vejo mais do que o seu sublinhado da verdade”, afirma à Renascença.
D. Francisco Senra Coelho fala, por outro lado, de uma responsabilidade que, ainda assim, deve ser vivida com alegria.
“Que a Igreja portuguesa viva este momento com este sentido de alegria pela confiança que o Senhor lhe concede, de lhe dizer ‘Igreja portuguesa conto contigo para, no contexto da Europa e do mundo, seres um testemunho forte do Evangelho vivido e renovado’”.
O bispo exalta ainda a herança e a missão deixada pelos pastorinhos, dois modelos de santidade.
A canonização em Fátima, a 13 de Maio, enobrece a Igreja e o país, diz, por seu lado, o Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge. “Um sublinhar como Fátima representa efectivamente o altar do mundo”.
“É algo que pode enobrecer a Igreja em Portugal e, consequentemente, Portugal. Se esta vinda do Papa a Fátima já era de importância ímpar, agora reveste-se de um significado com maior profundidade, convidando a que a peregrinação seja um encontro com a Mensagem sublime que os pastorinhos nos comunicaram”, afirma.
D. Jorge Ortiga considera a canonização de Francisco e Jacinta no santuário como um gesto de homenagem do Papa Francisco ao Santuário, uma vez que a Mensagem de Fátima convoca os cristãos à vocação para a santidade a partir dos simples e dos humildes.
Para D. Serafim Ferreira e Silva “a vinda do Papa, a canonização dos dois Pastorinhos, e o facto de ser aqui em Fátima, são três componentes de uma mesma realidade que é o prestígio Santuário, da mensagem. Um desafio não só para a Igreja, mas para todo o mundo, porque a mensagem de Fátima é um compêndio de todo o Evangelho sob o aspecto sociológico, de justiça social, mas também de conversão e harmonia das pessoas”.
Para o bispo emérito de Leiria-Fátima a actualidade da mensagem é comprovada pelo número crescente de peregrinos que se deslocam ao santuário “nota-se que há uma espécie de conversão interior para aceitar uma realidade que é um desafio para a humanidade”, diz. “A palavra-chave é a conversão, a mudança do ser humano livre, responsável, e se há não só agressões, não só limitações, combates contra a justiça e contra a verdade, a mensagem é um desafio e uma proposta para que busquemos a verdade e o bem, criemos a fraternidade, e pensemos no mais além”.
Também D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, não esconde a sua satisfação: “Uma primeira palavra de congratulação. Estou muito satisfeito. Com este acto de canonização, Fátima fica mais consagrada dentro do povo de Deus a nível mundial. Outra nota interessante: em Viseu, em 2006, houve a primeira beatificação [de uma portuguesa] fora de Roma, a beata Rita Amada de Jesus, e agora em Fátima, há a primeira canonização fora de Roma, e nos dois casos o D. António Marto era o bispo, bispo em Viseu nessa altura e agora bispo em Leiria-Fátima, por isso penso que para todos nos é uma alegria”.
O bispo de Lamego, D. António Couto, não se surpreende com a notícia, pois acredita que "já estava tudo organizado para que tal acontecesse", mas ainda assim alegra-se e acredita que a canonização de duas crianças pode ser uma provocação para uma sociedade onde são poucas as que nascem. "São duas crianças que podem trazer à nossa sociedade - sem crianças, porque não temos crianças hoje - uma provocação e um desafio para percebermos que as crianças têm muita coisa a dizer e a fazer sentir."
"Que de facto as crianças não são apenas para ir à escola e aprender, mas são talvez mais até para ensinar e temos muita coisa para aprender com as crianças, nós que nos dizemos já cultos e civilizados e já não precisamos sequer de ir à escola", considera o bispo de Lamego.
O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, diz que "embora aguardada a notícia é sempre muito agradável e que nos deixa entusiasmados a viver este centenário. Que seja uma mais valia para o crescimento na fé de todos nós e conforto da sociedade portuguesa, em que nos encontramos."
"Esperamos que esta notícia tenha os efeitos que queremos que tenha nas comunidades cristãs e na sociedade em geral voltando-se para o que é essencial na vida e está anunciado na mensagem de Fátima. Saúdo esta notícia que, embora esperada, não deixa de ser um acontecimento que celebramos", conclui.
Na
impossibilidade de gravar um depoimento, por se encontrar em Israel num
encontro, D. António
Francisco, bospo do
Porto, enviou à Renascença uma breve mensagem em que diz que se “une com
muita alegria às declarações do bispo de Leiria e do Patriarca de Lisboa, em
nome da Conferência Episcopal Portuguesa”.
Monsenhor Luciano Guerra, antigo reitor do Santuário de Fátima, recorda que a irmã Lúcia já tinha manifestado a esperança de que este dia chegasse: “É evidente que é uma grande alegria, não há dúvida nenhuma, porque é o completar de um processo que a gente via claramente desenhado na primeira memória da irmã Lúcia, alias numa carta que antes tinha mandado ao senhor bispo e que provocou o pedido que escrevesse mais, ela dizia que ainda tinha esperança de um dia ver a Jacintinha nos altares, e claro, vem-se a realizar agora completamente isso, no dia 13. Não há dúvida que é uma grande notícia para todos nós que somos sensíveis á mensagem de Nossa Senhora aqui e à obra de espiritualidade que estas crianças têm ajudado a formar neste lugar."