Aproxima-se a bazuca europeia de milhares de milhões de euros, via PRR, e o dilema aumenta: será o momento de reindustrializar e reconfigurar o paradigma económico ou mais uma oportunidade perdida?
Autarcas, líderes de organizações empresariais e economistas têm multiplicado os alertas para os riscos dos grandes projetos e propõem modelos alternativos para não dar como desperdiçada o crescimento económico da próxima década.
A economia portuguesa está virtualmente estagnada desde a entrada no novo século e as previsões de organismos internacionais apontam para que em 2030 só a Roménia e a Bulgária não tenham ainda superado o PIB português na União Europeia. Até a Grécia já terá recuperado da pandemia e da brutal crise da dívida soberana de 2011.
O centralismo do país coloca em causa o aproveitamento do PRR? Também em debate o estudo do investigador Carlos Antunes – da equipa que elaborou documentos orientadores do governo no combate à Covid19 - sobre o pico da pandemia a concluir que se as várias ARS do país estivessem organizadas como a ARS Norte teriam sido poupadas 4300 vidas.
O estudo foi acolhido em total silêncio na esfera da administração pública e decisores políticos, mas mesmo que as conclusões sejam discutíveis, não merece ser debatido? Não levanta questões sobre a forma como o estado está organizado e responde em momentos de crise? Pode a pandemia precipitar a avaliação dos méritos da descentralização como defendia Miguel Alves, logo no início da crise?
A análise é de Nuno Botelho, empresário, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, Miguel Alves, jurista e presidente do CRN e João Matos Loureiro, economista e professor da Universidade do Porto que também olhará para um tema que não abre telejornais: devemos ter medo da inflação na UE? Ou mais do que temer a inflação, devemos ter medo de quem teme a inflação?