É "o acordo possível". Assim defendeu esta sexta-feira o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o entendimento a que os líderes europeus alcançaram esta madrugada para gerir a crise migratória que a união enfrenta.
"Foi o acordo possível. Neste caso é preferível um acordo que não é o ideal a não haver acordo", defende Marcelo. "Este acordo é importante porque representa uma tentativa para que não haja não só divisões na Europa mas também para que não haja posições radicais na Europa em relação aos migrantes e isso é positivo", sublinhou.
Sobre a vontade de alguns Estados-membros em ir mais além, o chefe de Estado lembra que, "quando se está a fazer um esforço de conjugação de esforços, há que fazer cedências recíprocas e aquilo a que se chegou é um passo sensato, porque permite resolver, na base do acordo entre os Estados diretamente envolvidos, problemas concretos e esse é um bom caminho".
Sob o consenso alcançado no Conselho Europeu entre ontem e hoje, a União Europeia vai criar plataformas para o desembarque de migrantes e refugiados nos Estados-membros bem como reforçar o controlo das fronteiras externas, entre outros passos.
Na opinião da presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, a criação de centros de acolhimento é uma boa ideia, mas é preciso distingui-los de campos de refugiados.
"Centros de acolhimento que possam fazer uma certa triagem são úteis para depois as pessoas serem recebidas em todo o país, [mas] centros de acolhimento é diferente de campos de refugiados", sublinha em declarações à Renascença. "Nós batemo-nos desde sempre para que acabassem os campos de refugiados, porque não oferecem condições de segurança e porque dentro deles é que funcionam as redes de tráfico."
Para Teresa Tito de Morais, é desejável que Portugal não venha a ter um ou mais campos de refugiados. "A política que tem sido seguida até agora, de descentralização e de distribuir as pessoas pelo país, parece-me a mais indicada."