A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse esta segunda-feira que "as pessoas sabem que são assaltadas todos os dias quando chegam aos supermercados", acusando o Governo de dizer que "vai estudar" as situações quando não quer fazer nada.
"As pessoas sabem que são assaltadas todos os dias quando chegam aos supermercados. Veem os lucros a crescer dos grandes grupos de distribuição, veem que os seus salários estão parados", disse a coordenadora do BE no Porto.
A também deputada, que abandonará a coordenação do partido no final de maio, tinha sido questionada acerca das declarações feitas no domingo pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de que o Governo está a estudar "todas as medidas" para que o consumidor possa pagar o preço justo pelos alimentos.
"O que eu acho é que quando o Governo não quer fazer nada diz que vai estudar ou preparar um grupo de trabalho", disse hoje Catarina Martins no Porto, à margem de uma manifestação dos trabalhadores dos bares da CP - Comboios de Portugal, na estação de Campanhã.
Catarina Martins lembrou ainda os agricultores que "não estão a receber o dinheiro devido" pelos seus produtos.
"Portanto sim, há verdadeiramente um movimento especulativo da grande distribuição, e o Governo, como não quer fazer nada, diz que vai estudar. Eu acho isto inaceitável, temo-lo dito", concluiu, defendendo ainda o controlo das margens de lucro e dos preços.
Anunciado em maio de 2022 pelo Governo, a criação do observatório de preços foi formalizada por despacho publicado em outubro do ano passado.
O objetivo é a "monitorização eficaz" dos custos e preços ao longo da cadeia de abastecimento agroalimentar e maior transparência.
Contactada pela Lusa, fonte do ministério da Agricultura não adiantou uma data para a entrada em funcionamento do Observatório, referindo apenas que será "num futuro muito próximo".