A Associação dos Médicos de Saúde Pública defende a conversão do Plano Nacional de Saúde Sazonal numa estratégia nacional para mitigar os efeitos das ondas de calor, sobretudo junto das populações mais vulneráveis, como são os idosos e as pessoas que vivem em zonas mais isoladas.
A proposta é defendida na Renascença por Gustavo Tato-Borges, numa altura em que o país se prepara para enfrentar uma semana de temperaturas elevadas e que, em algumas regiões, poderão mesmo atingir os 42 graus.
“Nós temos já um Plano Nacional de Saúde Sazonal que já contempla algumas medidas, mas é tudo muito teórico, muito voltado para os serviços de saúde”, admite.
O presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública defende, por isso, a criação de “um plano interministerial, dotado financeiramente de meios para poder contratar profissionais para fazer um trabalho de proximidade e para ter, efetivamente, meios no terreno para ajudar as pessoas”.
Para que essa estratégia possa ser operacionalizada, Tato-Borges diz ser prioritária a existência de “locais de abrigo para onde as pessoas que são mais vulneráveis podem deslocar-se e passar o dia mantendo o seu corpo numa temperatura controlada”.
Por outro lado, continua o médico, é necessário intervir ao nível das condições de habitação das populações mais vulneráveis com “apoios para que as habitações sejam mais bem climatizadas e aguentem melhor esta variação de temperatura”.
Já no âmbito social, Gustavo Tato-Borges defende a contratação de “profissionais que possam ir a casa para acompanhar os idosos, para ajudá-los com a chegada de alimentos e de produtos que necessitam no seu dia a dia, além de garantir, também, que o acompanhamento de saúde está mais próximo”.
Neste ponto particular, o dirigente associativo dos médicos de Saúde Pública defende “uma política ao nível dos cuidados de saúde primários e de cuidados hospitalares que possibilitem uma consulta aberta mais disponível para estas pessoas vulneráveis, que precisam de apoio num momento de fragilidade associada às vagas de calor”.