O bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, iniciou esta terça-feira uma visita de duas semanas a Angola, para se deslocar às dioceses angolanas a que a diocese algarvia destinou as receitas da renúncia quaresmal deste ano.
“Durante a Quaresma chegam-nos sempre vários apelos. Este ano foram os dehonianos que me fizeram esse pedido, e o conselho presbiteral decidiu canalizar o resultado da renúncia quaresmal para estas três presenças dehonianas na Diocese de Viana, e para as duas que existem na Diocese de Luena”, explicou à Renascença D. Manuel Quintas.
A visita vai prolongar-se por duas semanas, porque não poderia ser menos tempo. “Conhecendo a realidade local e as distâncias, é o mínimo para verdadeiramente se ter algum conhecimento da ação missionária nestas regiões, e para nos podermos deixar, mais uma vez, enfarinhar pelo espírito missionário”, afirma.
A deslocação realiza-se por ocasião dos 15 anos de presença em Angola da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (dehonianos), a que pertence, mas acabou por coincidir com outra data importante para o bispo português. “Estou a celebrar 50 anos de vida consagrada, eu e outro colega, o único que ainda está vivo, e motivámo-nos a ir”. Trata-se do padre Isildo Gomes da Silva, colega de noviciado, de profissão religiosa e de experiência missionária em Moçambique, entre 1971 e 1973. A celebração dos dois aniversários de ordenação vai decorrer no fim de semana de 20 e 21 de julho.
Quando foi Provincial dos dehonianos, D. Manuel Quintas pôde regressar algumas vezes a África, ao longo dos anos, nomeadamente a Moçambique e a Madagáscar. A última vez foi já em 2001. Mas, esta visita tem um sabor especial, porque “desde a experiência que fiz, de dois anos em Moçambique, ainda antes de ser padre, África ficou sempre como algo que permanece no meu horizonte”.
D. Manuel Quintas conta que a primeira experiência missionária “foi decisiva, sobretudo pelo contacto com os missionários, com as irmãs missionárias, pela alegria deles, pelo sentido de desprendimento, de doação, de entrega, de serviço”.
“Era gente totalmente liberta de tantas coisas que aqui nos oprimem. Ficamos agastados às vezes a olhar para o relógio, para o tempo, para isto e para aquilo, para uma coisa e para outra. Ali fiz a experiência de viver uma vida serena, pacífica, alegre, saboreando verdadeiramente o sentido da doação e da entrega aos outros, mesmo no meio de dificuldades. Por isso aquilo que eu guardo é esse tempo muito gratificante”, conta ainda à Renascença.
O Bispo do Algarve aproveitará, por isso, esta visita para reavivar o espírito missionário. "Esta ida a Angola, seguramente que é um avivar desse espírito, desse horizonte missionário que me tem acompanhado sempre ao longo da minha vida”.