Ricardo Zózimo é professor de empreendedorismo e sustentabilidade na Nova Scholl of Business and Economics. Ligado ao projeto ‘Economia de Francisco’ (EF) desde que foi lançado, em 2019, regressou há dias de Assis, onde participou no encontro do Papa com jovens estudantes, gestores, empresários e economistas de todo o mundo, o primeiro que decorreu de forma presencial.
Em entrevista à Renascença explica que o Pacto Global que assinaram é “um compromisso para a vida”, com desafios muito concretos, ao nível da defesa do ambiente e do trabalho digno, áreas em que, em sua opinião, o governo português devia também apostar em termos de Orçamento de Estado.
Nestas declarações admite que a crise pode fazer com que estudar volte a ser só para elites com dinheiro, mas confia na revolução iniciada pelo Papa para que os jovens criem um novo sistema económico mais justo, inclusivo, e amigo do ambiente.
Acabou de regressar de Assis. Que balanço faz do encontro?
Desde 2019 que vínhamos a planear este encontro e a participar, de forma virtual, em pequenas comunidades, organizadas por país – e nós temos um grande e muito ativo Hub português da 'Economia de Francisco' (EF) -, mas também ao nível de temas, divididos em ‘aldeias temáticas’: um tema é gestão e dádiva, quando é que as empresas devem gerir, quando é que devem dar; outro é o papel das mulheres na economia; outra aldeia trabalha as questões mais da economia natural. Esses temas foram sendo trabalhados ao longo destes dois anos. Portanto, a 'Economia de Francisco' aconteceu agora em Assis, mas já estava a acontecer.
Há trabalho feito desde que o projeto foi lançado, e já vamos falar dessa experiência em Portugal. Mas, voltando ao encontro de Assis, terminou com uma espécie de Pacto. O que é que destaca em termos de conclusões e desafios?
O Papa deixou três grandes linhas orientadoras para quem assinou o Pacto Global, três grandes dimensões que considera fundamentais para que possa tornar-se realidade. A primeira é olhar para a vida daqueles que mais sofrem com esta economia, olhar a partir dos olhos dos que mais sofrem. É uma coisa que o Papa tem vindo a dizer há muito tempo, que temos que incluir a voz dos mais pobres naquilo que fazemos. E aqui 'pobres' não é só economicamente, são - como o Papa disse - os que não têm voz dentro da economia.
O segundo grande repto que nos lançou foi o foco no trabalho. Como é que vamos elevar a dignidade do trabalho humano a todos os níveis e em todos os países? É uma área da economia onde temos que pôr energia suficiente para tornar o trabalho digno para todos.
Uma das dimensões que o grupo português focou foi a da realidade das pessoas que, apesar de terem trabalho, continuam no limiar da pobreza...
Segundo os dados oficiais são cerca de 20% dos pobres em Portugal…
20 por cento das pessoas pobres trabalham, têm um emprego, mas esse emprego não lhes permite levar uma vida digna.
A terceira grande orientação que o Papa Francisco nos deixou foi o ‘fazer’. Muitas vezes pensamos muito e atuamos pouco. O Papa repetiu uma frase que já tinha dito noutros contextos: "a realidade é mais importante do que as ideias", e é importante neste momento "encarnar" os projetos, torná-los realidade, não os deixar só no domínio das ideias. Fazer projetos que realmente mudem a economia.
É um desafio concreto, lançado aos gestores e economistas do futuro, que vão estar em posições de liderança.
É muito concreto o desafio de perceber a nossa vida de outra perspetiva, ter um foco, desenvolver as condições de trabalho dignas para aqueles que estão à nossa volta e, por outro lado, não deixar que a dificuldade dos pensamentos ou a complexidade da situação nos impeça de realmente pôr mãos à obra.
O Pacto Global é um compromisso de longo prazo, de tornarmos a economia mais inclusiva, que não deixe ninguém para trás, que trate da terra, que não destrua mas regenere os recursos naturais, e que seja uma economia mais justa, que redistribua a riqueza de uma forma que faça mais sentido para o todo, para o bem comum.
Num contexto de guerra e da pandemia, o que a 'Economia de Francisco' (EF) propõe responde à atual crise que atravessamos?
A EF é um movimento que está assente em princípios, que foram dialogados ao longo destes anos em estivemos a trabalhar (desde 2019), e que se concluíram neste Pacto que assinámos com o Papa. Se responde à crise? Responde na medida em que cada um de nós adotar esses princípios. Não propõe um modelo económico que vai destruir o capitalismo e substituí-lo pela 'Economia de Francisco', não é isso. O movimento nunca diz que o que está atrás está totalmente errado, mas percebe que o caminho que estamos a tomar não é mais possível.
No encontro, que teve mil pessoas de todas as nacionalidades, houve uma frase que nos uniu… Era uma frase em italiano, sobre uma 'sentinela' que está à espera que o sol saia e ilumine, sabendo que ainda vivemos na noite, num sistema que está quebrado. É aí que vamos fazer a transformação: temos de ir encontrando os raios de luz.
A EF é um movimento de pequenos raios de luz que, ao brilharem juntos, vão iluminar todo o mundo.
Isto, para quem está de fora, pode parecer só teoria, até utópico. Do seu ponto de vista não é?
Não deixa de ser utópico, sonhador. Eu sonho com mais luz, não sonho com mais escuridão. Dá esperança, mas não é destruidor do que vem atrás. É algo que, por ter princípios que são aceites por todos, é depois contextualizado em cada sítio, de acordo com a realidade local.
No Brasil necessitam que a 'Economia de Francisco' se manifeste de maneira diferente do que em Portugal. Lá o direito ao trabalho digno das pessoas indígenas é um grande foco. Nós não temos populações indígenas, mas temos a pobreza de pessoas que têm trabalho.
Tem estado envolvido neste projeto da 'Economia de Francisco' desde o início. A pandemia obrigou a ajustar a forma como se trabalhou nestes últimos três anos, mas trabalhou-se, aqui em Portugal também. O que é que aconteceu e está a acontecer? Temos, de facto, jovens estudantes, gestores e empresários mobilizados neste caminho?
Aconteceu uma coisa muito bonita e inesperada quando iniciámos este processo. Vários professores do mundo inteiro receberam uma carta assinada pelo professor Luigini Bruni, emissário do Papa Francisco, que nos convidava a fazer parte de um conselho de séniores e pedia que apoiássemos as ideias dos jovens. Foi uma dinâmica totalmente diferente de outros grupos de trabalho que existem a nível nacional e a nível mundial, onde os séniores é que ditam as leis. Aqui o Papa queria, desde o princípio, que fossem os jovens a ditar o que iria acontecer.
Então, de uma maneira muito natural, nós organizámo-nos de modo a que fossem os jovens a tomar a liderança. E tomaram, e nós, séniores, sentadinhos ali ao lado, a apoiar os jovens quando e se eles precisavam.
Isto define tudo, parece um pormenor, mas na realidade é uma função crítica da EF, que é um fórum para ouvir os jovens, que cá em Portugal organizaram cursos, relacionaram-se com causas como a pobreza, participaram em fóruns, ouviram, dialogaram. 20 desses jovens foram agora comigo a Assis, ou melhor, eu é que fui com eles...
Estas pessoas estão comprometidas com este Pacto, que é um compromisso - e o Papa disse isso muito bem - para a vida toda, que assinámos em liberdade, para na nossa vida contribuirmos de alguma forma para esta economia e para estes princípios.
Não está ainda definido, e não posso contar, o que vai acontecer com o Hub português. Mas posso dizer que está muito forte e que depois do encontro de Assis tem uma energia enorme.
Está numa universidade pública. Como é que fala da 'Economia de Francisco' a alunos, muitos deles não católicos e sem ligação à Igreja?
Uma das coisas mais bonitas da ‘Economia de Francisco’ é que temos pessoas de todas as religiões, e sem terem religião, envolvidas nos grupos de trabalho. A EF são sobretudo princípios para uma economia mais justa, mais inclusiva, que não deixe ninguém para trás e que cuide da casa comum. E estes são princípios que unem religiões, pessoas, projetos, unem países.
Uma das coisas de que falámos mais no encontro foi como é que criamos pontes? Costumo dizer muitas vezes na minha aula que o problema das alterações climáticas e o problema da dignidade do trabalho são tão graves que precisamos do contributo de todos para os resolver, e a função de quem está na EF é construir pontes com todos: com as empresas que querem fazer isto, com as pessoas que ainda não querem, mas estão a pensar como é que podem querer. Temos que construir pontes com todos.
Vem entusiasmado de Assis, e com mais coisas para partilhar com os seus alunos agora, no novo ano letivo?
Trago sobretudo uma perspetiva diferente da questão do trabalho, que é uma dimensão fundamental do nosso Hub e do que faremos no futuro, desenvolver ideias e projetos que ajudem as empresas, o Estado, as ONG's, as associações, os centros sociais e paroquiais a perceber a necessidade e a importância do trabalho digno.
O Papa não deixou dúvidas nisto: deu-nos três recados, e o segundo foi o do trabalho digno, é uma coisa central. Para nós é um dos grandes desafios, até como país: temos a necessidade de dar a todas as pessoas um trabalho digno.
Os jovens estão a ser altamente penalizados pela crise - ou pelas sucessivas crises -, e apesar de termos a geração mais qualificada de sempre, isso não tem correspondência em termos de salários e condições de trabalho. Preocupa-o a fuga de cérebros? Devia preocupar mais a classe política?
A mim não me preocupa a fuga de cérebros, porque neste momento, na Europa, os cérebros estão a movimentar-se, estão em trânsito, é uma tendência que vamos ver cada vez mais.
Na Nova SBE temos 1.700 alunos de mestrado, e pouco mais de 60% são alunos internacionais. Há um grande contingente europeu, mas há alunos de todo o mundo. Muitos vão ficar depois em Portugal, a abrir empresas, a trabalhar com empresas portuguesas ou para empresas estrangeiras a partir de cá, a trabalhar fora de Lisboa, dos centros urbanos, estão a conhecer Portugal, a viajar. Todos os cérebros estão em movimento.
Eu vejo isto numa perspetiva mais alargada, que é: que propósito estamos a dar a esta geração? Porque, se o propósito que lhe estamos a dar é que eles sejam individualistas, centrados em si próprios e na melhor carreira para eles, esta é a perspetiva que não está a resultar. Agora, se conseguirmos que a universidade se transforme de forma a que todos os cérebros percebam a responsabilidade coletiva que temos em tratar o mundo e as outras pessoas melhor, e em tratar a economia como não um fim, mas um meio, um instrumento que possa transformar a vida das pessoas, isso não me assusta, é um trabalho que nós, na educação, temos de fazer.
Dou-lhe um exemplo muito concreto: a minha aula de sustentabilidade começa no mar. Na Nova SBE temos um túnel que vai para a praia e a minha aula começa no fim desse túnel, no mar, e por uma razão muito especial: é nossa responsabilidade coletiva, e como comunidade educativa da Nova é fundamental olharmos para o mar como fonte de oportunidade, de aprendizagem e sabedoria. É por aí que eu vejo que os princípios da 'Economia de Francisco' fazem sentido.
Também leciona empreendedorismo. Em Portugal não é fácil um jovem português ser empreendedor...
Existe uma grande transformação no contexto do empreendedorismo. Por um lado, existe uma mudança central, o empreendedorismo tecnológico, um bocadinho à boleia da Web Summit e de outras iniciativas similares, que teve uma grande evolução em Portugal. Por outro lado, outra força convergente é a força de impacto. Hoje em dia os nossos alunos querem deixar a sua marca no mundo. Pode ser uma marca ao nível económico, de empregar pessoas, criar trabalho digno; pode ser uma marca social, resolverem um determinado problema social; ou pode ser uma marca ambiental, de se interessarem por um problema ambiental e resolverem esse problema. Estas duas forças convergentes tornam o empreendedorismo de impacto uma força incrível dentro da nossa sociedade. Agora - na Nova fazemos isso, e noutras universidades portuguesas isso também acontece - somos nós, como professores, que temos a responsabilidade de dizer aos alunos para que é que serve o empreendedorismo. Se eu disser que a natureza da atividade empreendedora é apenas fazer dinheiro, estou a limitar as possibilidades de um empreendedorismo que tem benefícios para o mundo.
Nas minhas aulas não é assim. Eu dou uma cadeira que é ‘empreendedorismo de impacto’, e os alunos, com a sua atividade empreendedora, com o seu esforço, trabalho e saber, com as suas ferramentas, têm de conseguir demonstrar como é que criam impacto e benefícios no mundo. E se não demonstrarem, não passam à minha cadeira, chumbam! Portanto, estou-lhes a dar a oportunidade de pensarem de maneira diferente.
A parte económica é importante, tenho de ter dinheiro para os acionistas, para contratar pessoas e para lhes pagar, para lhes dar um trabalho digno, mas também tenho de ter uma preocupação social e ambiental, para que a iniciativa, como um todo, faça sentido. Quem define esse ponto de partida sou eu. Estes são os princípios da 'Economia de Francisco'? São, mas são os princípios de uma economia que muita gente que é diferente acredita que podem funcionar para Portugal.
Já falámos dos dados da pobreza, do facto de desdramatizar esta fuga de cérebros, e explicou porquê. Mas, estou a lembrar-me das dificuldades que muitos alunos estão a ter, por razões económicas, para arrendarem quarto e se manterem no ensino superior. Corremos o risco de estudar voltar a ser só para uma elite?
Esse risco é real. Neste momento penso que é real. Um tema muito falado entre os jovens participantes da nossa comitiva que foi a Assis, foi a questão das residências para estudantes, mas numa perspetiva distinta, a de como uma residência pode funcionar com os princípios da 'Economia de Francisco', onde o coletivo é mais importante do que o individual. Agora, isso necessita que cada um tenha a coragem de abandonar algumas das premissas do nosso estilo de vida.
Houve uma frase que me marcou muito em Assis, dita por um participante: "o nosso estilo de vida consome demasiado carbono". Eu acrescentaria: "a rapidez com que vivemos o nosso estilo de vida consome demasiado carbono", e o bem comum ajuda-nos a acertar ritmos com outros.
A comitiva portuguesa falou muito da coragem de conseguirmos trazer para a nossa vida, para o nosso estilo de vida, para as decisões que tomamos, estes princípios da 'Economia de Francisco'.
Em Portugal vamos entrar em breve na discussão do Orçamento de Estado. Em sua opinião, quais deviam ser as prioridades? O que é que seria importante ver assegurado, tendo em conta estes princípios da 'Economia de Francisco'?
Em primeiro lugar devia haver um foco muito grande no cuidado da Casa Comum, esse princípio é inabalável, o cuidar do planeta. Obrigar - porque a legislação permite isso - a que todos os atores que têm de cuidar do planeta (o façam): as câmaras municipais, o governo central, as empresas, as paróquias, as rádios, as televisões, as universidades. Que toda a sociedade se organize de uma forma que cuide da Casa Comum. É um passo fundamental e a legislação tem de ser corajosa. Há muitos passos já dados, mas penso que nos falta trabalhar em conjunto, como diz o Papa, "não só em palavras, mas em atos": de descarbonização, de tratamento de resíduos de uma maneira diferente. Há pequenas coisas que a legislação pode obrigar.
Há várias formas de mudar o comportamento humano, uma são as multas, outras os incentivos. Acho que o Estado podia dar incentivos a fazemos a coisa certa. Os incentivos ao nível das empresas existem, a nível pessoal não há campanhas de incentivos, e noutros países da Europa existem.
A educação é outra forma de mudar o comportamento humano, e é a forma mais duradoura. Podíamos fazer muito mais ao nível dos projetos, quer das escolas, quer das universidades.
Por último, temos de criar atração, ter figuras modelo nesta transição para um mundo mais justo, mais responsável com a Terra. Falta fazer isso. Não temos ninguém dentro do governo que se preocupe com esta ideia, de como é que vamos criar esta mudança duradoura.
Os próprios ministérios trabalharem mais em rede, para as medidas não aparecerem desligadas umas das outras?
Em rede e em transparência. Uma das coisas que a sociedade está a pedir às empresas hoje é que sejam mais transparentes em relação às suas medidas sociais, ambientais e à distribuição de lucros pelos acionistas. Eu acho que o governo deveria fazer a mesma coisa, a sociedade pede ao governo - ao central e às câmaras municipais - que sejam mais transparentes em relação ao lixo, aos recursos hídricos, ao solo, todos estes bens que são comuns. E sobretudo as medidas ecológicas, do tratamento daquilo que é de todos. A água de um rio é comum, não é de ninguém e é de todos. E o Papa fala muito desta ideia, porque ninguém se salva sozinho: como é que nós todos, em conjunto, vamos conseguir tratar do que é comum?
O governo, num instrumento que é o Orçamento de Estado, poderia propor determinadas medidas que nos ajudassem a compreender as decisões que estão a ser tomadas sobre o que é comum.
Se tivesse de deixar um conselho aos políticos, tendo em conta o Orçamento de Estado, qual seria?
Diria que se deveriam concentrar em ajudar a comunidade da 'Economia de Francisco', e todos os outros atores e as outras forças da economia, a tornar o trabalho mais digno. É a prioridade que o Papa Francisco nos deixou e que a comunidade da EF mais firmemente abraça, e os políticos podem ser para nós grandes aliados, e nós grandes aliados dos políticos.
Os jovens têm uma perspetiva do que é o trabalho digno diferente das pessoas que já têm mais experiência e estão no fim da sua vida ativa, perto da reforma, ou que são reformados e têm que ter um emprego para conseguir subsistir. Mas, todas as perspetivas complementares são importantes para formar um elo de ligação aos políticos, de maneira a que eles se preocupem com a questão da dignidade do trabalho.
Temos, infelizmente, muitos casos em Portugal onde a dignidade do trabalho não é assegurada. Passam nas notícias casos com trabalhadores internacionais, mas é claramente um tema que está ligado a toda a sociedade, dos mais jovens, àqueles que estão a tentar comprar a primeira casa e não conseguem, porque não têm um trabalho digno; àqueles que estão a tentar criar família, se calhar gostavam de ter dois, três ou quatro filhos e não conseguem porque a dignidade dos seus trabalhos não é assegurada: àqueles que querem fazer reservas e poupanças, porque estão preocupados como é que vai ser com a sua reforma; àqueles que estão reformados. É um tema central.
E a dignidade do trabalho tem a ver com os salários, mas também com as condições e a forma como o trabalho se organiza?
Completamente. A dignidade do trabalho tem a ver se a pessoa se sente bem no trabalho, se é capaz de fazer o que lhe pedem de uma forma que também permita preservar a sua saúde, para que possa fazer face às suas despesas de uma maneira que não lhe gere stresse e que possa também ver uma progressão no seu trabalho.
Um dos objetivos do desenvolvimento sustentável é centrado no trabalho e no crescimento dessa forma de trabalhar: que eu me reveja no trabalho em que estou, não só por aquilo que me pagam, pelas condições que me dão, pela maneira como me tratam e como vejo o meu futuro, mas sobretudo pelo propósito que tenho em vir trabalhar todos os dias.
Há uma dimensão do trabalho muito importante para os jovens de hoje, que é alinhar o propósito pessoal com o propósito da organização onde se trabalha, e todo este conjunto é que faz um trabalho digno, não é só o salário. A discussão do aumento do salário mínimo é uma discussão redutora para o pensamento e a forma como entendemos o trabalho hoje em dia. Portanto, o meu conselho para os políticos seria claramente focarem-se no trabalho digno, e em todas essas dimensões que compõem a dignidade do trabalho.