O Sindicato Independe dos Médicos (SIM) apela ao Governo que tome "medidas urgentes" para colmatar a falta de recursos humanos no hospital de São Bernardo, em Setúbal.
Depois do aviso de demissão de 87 médicos com responsabilidades de direção e chefia, o serviço de Obstetrícia vai perder mais dois clínicos, quando nesta altura já funciona com metade dos profissionais necessários.
À Renascença, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, alerta que "a situação está a agravar-se ainda mais".
"No serviço de Obstetrícia - que é emblemático - deveriam estar em funções 21 médicos e, neste momento, estão onze. Dois dos quais estão incapacitados temporariamente. Além disso, sete deles têm mais que 55 anos e poderiam nem sequer fazer as urgências. O pior é que, no dia 1 de novembro, um deles vai reformar-se e outro já pediu a rescisão", denuncia.
Roque da Cunha acusa o governo de fazer "propaganda política" ao anunciar a contratação de dez médicos para o Hospital de Setúbal, quando "o número é manifestamente insuficiente para todo o hospital".
"O Governo anunciou a contratação de dez médicos, mas só foram contratados dois, uma delas como prestadora de serviços e, por isso, a situação tem-se agravado. A ministra da Saúde em vez de tapar o sol com a peneira, deve investir no Serviço Nacional de Saúde e criar condições para que os médicos se mantenham no SNS".
Quanto à demissão dos 87 médicos que se mantêm em funções até serem substituídos, o secretário-geral do SIM garante que "os utentes de Setúbal não vão ser abandonados", mas alerta que "muitos destes profissionais de saúde já têm mais 600 horas extraordinárias e estão à beira da exaustão".