Ucraniano em Portugal inventa maca própria para linha de combate
23-01-2024 - 12:33
 • Isabel Pacheco

Partiram esta terça-feira de Braga três ambulâncias e um veículo de apoio rumo à Ucrânia. Na bagagem, para além de medicamentos, seguiu o protótipo de uma maca para o resgate de feridos na linha da frente.

Depois da notícia de que um amigo morreu em combate na Ucrânia por não ter transporte para o socorro, Roman Grymalyuk, ucraniano a residir em Portugal há 19 anos, inventou uma maca amovível com rodas que permite o resgate em condições mais adversas.

O protótipo feito com material reciclável é “fácil e rápido de montar e de desmontar”, garantiu-nos o, também, presidente da Oranta – a associação de apoio à comunidade ucraniana do Algarve.

“É uma ajuda para trazer uma pessoa até ao carro com o peso de toda a munição. Experimentamos trazer uma pessoa de 100 kilos durante 70 metros e foi muito complicado, mesmo, para quatro”, contou. “Ainda por cima, não é por alcatrão, mas pela floresta com lama”, sublinhou.

O equipamento seguiu, esta terça-feira, numa das três ambulâncias que partiram de Braga para a Ucrânia. Duas das viaturas, camufladas e adaptadas, a par de um carro de apoio, vão “para a linha da frente” do conflito. No interior as paredes estão coloridas com desenhos de crianças.

“É algo muito importante”, ressalvou Roman. “É uma forma de enviar uma mensagem aos militares de que não estão sozinhos e perceberem porque estão a combater. É um apoio”, explicou.

A terceira ambulância, angariada pela associação luso ucraniano de Braga, no âmbito da campanha “Uma ambulância pela Ucrânia” tem como destino um hospital em Chernihiv. Vai lotada, sobretudo, de medicamentos e material de emergência pré-hospitalar.

“Fizemos um pedido de medicamentos a farmácias e a conjunto de instituições de Braga e carregamos a ambulância. Levamos também meias para os soldados da linha da frente e alguns brinquedos para crianças em acolhimento de famílias”, revelou Abrão Veloso, presidente da associação bracarense.

A conduzir o veículo de emergência, depois de atravessar a fronteira ucraniana, estará João Paulo Vareta, 75 anos, voluntário e ex-militar.

“Durante esta viagem não me vou limitar a conduzir, mas identificar possíveis alvos de ajuda. Vou ver onde é que estão os órfãos de guerra para fazer um levantamento mais pormenorizado do que é necessário”, explicou o ex comandante da polícia municipal de Braga que, à Renascença, garantiu que assume a missão com a mesma responsabilidade com que “encarei todas as missões que me foram atribuídas ao longo da minha vida”.

A próxima campanha pela associação lusa ucraniana de Braga está já identificada. Será a recolha de donativos para uma instituição ucraniana de crianças com deficiência, o que deverá acontecer em março.