Balanço DGS. Quase 10 mil novas recuperações num dia
24-05-2020 - 13:10
 • Renascença

Mudança na metodologia no registo de dados leva a número recorde de recuperados. Morreram mais 14 pessoas (total de 1.316) e foram detetados 152 casos (30.623) de Covid-19.

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Portugal regista quase 10 mil novos casos de recuperação da Covid-19, este domingo. O boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) dá conta de um total de 1.316 mortos (mais 14 que no sábado) e 30.623 infetados (mais 152, o que supõe um aumento de 0,5%, o mais baixo desde 11 de maio) pelo novo coronavírus.

O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24h00 de sábado, indica que, este domingo, há mais 9.844 pessoas recuperadas da Covid-19 que no dia anterior - é com larga margem, o número de recuperações mais alto desde o início da pandemia. No total, foram dadas 17.549 altas médicas, o que representa cerca de 57,31% do número total de casos confirmados.

Esta variação exponencial deve-se a uma mudança na metodologia no registo de dados no trace-covid, a plataforma de vigilância clínica criada para apoiar os profissionais de saúde no acompanhamento e monitorização dos doentes, conforme revelou a ministra da Saúde, na conferência de imprensa de sábado.

Marta Temido esclareceu que, para garantir que nenhuma das quase 10 mil novas altas médicas era duplicada, "procedeu-se a um cruzamento do número de utente, garantindo que a informação é fiável". Afiançou, ainda, que todos estes casos tiveram, pelo menos, um resultado laboratorial negativo.

A taxa de letalidade mantém-se nos 4,3% (16,6% acima dos 70 anos).

Desde o dia 1 de janeiro, registaram-se 309.966 casos suspeitos. O relatório deste domingo revela, ainda, que 2.115 casos ainda aguardam os resultados dos testes laboratoriais e mais de 26 mil pessoas estão sob vigilância das autoridades sanitárias.

A ministra da Saúde revelou que a média do Rt (número médio de casos secundários resultantes de um caso infetado, medido ao longo do tempo), para os dias 17 a 21 de maio, está estimada em 1,01. Essa média variou entre 0,97 na região Norte e 1,02 nas regiões Centro e de Lisboa e Vale do Tejo.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (738), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (316), da região Centro (231), do Algarve (15) e do Alentejo, com um morto. O boletim dá conta de 15 óbitos nos Açores. O arquipélago da Madeira continua sem registo de mortes por Covid-19.

É nos 80 anos para cima que se registam mais óbitos (893), seguido do grupo dos 70 aos 79 anos (253), dos 60 aos 69 anos (115), dos 50 aos 59 anos (39), dos 40 aos 49 anos (15) e dos 20 aos 29 anos, com um óbito.

No total, morreram 673 mulheres e 643 homens com Covid-19.

O Norte concentra a maior parte dos casos confirmados, com 16.664 (cerca de 54,46%). Seguem-se Lisboa e Vale do Tejo (9.292 - mais 131, o que representa 86,18% dos novos casos), Centro (3.683), Algarve (361), Alentejo (253), Açores (135) e Madeira (90 - desde 7 de maio que este número não muda).

Ao todo, há 223 concelhos com, pelo menos, três casos confirmados do novo coronavírus. Lisboa (+31), Loures (+17), Amadora (+16), Cascais (+15) e Barreiro (+10) são os concelhos com maior aumento no número de infetados nas últimas 24 horas, segundo o boletim da DGS. Lisboa ocupa o topo da tabela, com um total 2.177.

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.161), seguida dos 50 aos 59 anos (5.123), dos 30 aos 39 anos (4.545), dos 80 anos para cima (4.420), dos 20 aos 29 anos (3.907), dos 60 aos 69 anos (3.397) e dos 70 aos 79 anos (2.498).

Globalmente, há em Portugal 17.760 mulheres e 12.863 homens infetados.

Segundo a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 19% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 12% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 91% dos casos confirmados.

Em internamento, estão 536 (1,8%) dos pacientes (menos 12 pessoas que no dia anterior): 78 (0,3%) em unidades de cuidados intensivos (menos duas) e 1,5% em enfermaria.

Apesar de o volume de casos em internamento ainda ser considerável, o Ministério de Saúde tem procedido à retoma da atividade normal assistencial. Mais de 30% da atividade de consulta e cirurgia que tinha sido suspensa já foi retomada, revelou a ministra da Saúde.

A ministra da Saúde detalhou, ainda, o relatório da Divisão de Epidemiologia e Estatística da DGS, para a semana entre 13 e 21 de maio. Foram analisados 1.504 casos, 80% dos confirmados nesse período.

Desses novos casos, 48% eram mulheres e 36% encontravam-se na faixa etária entre os 20 e 39 anos.

Entre esses 1.504 infetados, 50% eram sintomáticos e 33% eram assintomáticos. Os restantes não tinham informação registada sobre a apresentação clínica.

Há, também, registo de informação sobre o tipo de transmissão para 53% dos pacientes em causa: 45% entre coabitantes, 19% ambiente laboral, 11% em lar e 10% em ambiente social.

O distrito de Lisboa foi o maior foco, com 55% dos casos. Isso justifica-se com o aparecimento de dois surtos: no Hospital de Santa Maria e na Azambuja.

Sobre o segundo caso, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu, na conferência de imprensa, que os testes à Covid-19 serão feitos "em função do de terminado risco".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 5,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 342 mil, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos. Dos casos de infeção, mais de 2,1 milhões tiveram alta.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras. Em Portugal, foi implementado estado de emergência a 19 de março. Após duas extensões (até 2 de maio), não foi mais renovado e o país encontra-se, agora, na segunda fase de desconfinamento.

Apesar de o processo de desconfinamento estar em curso, com números estáveis, e do regresso do campeonato, a ministra da Saúde rejeitou a possibilidade de concentrações para ver jogos de futebol.

“Por ocasião de competições desportivas, haver concentrações em determinados espaços, é evidente que não isso vai poder acontecer da forma como estávamos habituados”, sublinhou Marta Temido.