Jair Bolsonaro diz compreender o “sentimento de injustiça” na forma como os movimentos populares se têm manifestado desde que foram conhecidos os resultados eleitorais que ditaram a vitória de Lula da Silva nas presidenciais brasileiras.
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim, no último dia 30 de outubro”, disse o Presidente ainda em funções, no início de uma declaração de pouco mais de dois minutos, sem direito a perguntas dos jornalistas pressentes no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Sem nunca mencionar o nome do candidato vencedor, Bolsonaro não admitiu a derrota eleitoral e assegurou que “os nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca”.
Rodeado pela sua equipa de Governo, enquanto se dirigia ao país, Jair Bolsonaro aproveitou a ocasião para dizer que, “mesmo enfrentando todo o sistema, superámos uma pandemia e as consequências de uma guerra, sempre fui rotulado como anti-democrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar a comunicação social e as redes sociais. Enquanto Presidente da República, esse cidadão continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”.
“É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade económica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira”, concluiu.
Nesta altura, os camionistas brasileiros estão a bloquear mais de 200 estradas em 18 estados brasileiros, numa demonstração de desagrado pelo reconhecimento oficial da vitória de Lula da Silva que, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, obteve 50,9% dos votos, contra 49,1% para Bolsonaro.
Transição vai começar
Após a curta declaração de Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira confirmou que o Presidente autorizou o início do processo de transição entre o seu governo e a equipa de Lula da Silva.
“O presidente Jair Messias Bolsonaro me autorizou, quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição”, disse Ciro Nogueira no Palácio do Alvorada, em Brasília.
“A presidente do PT, segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin [como coordenador]. Aguardamos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país”, acrescentou.