O bispo de Leiria-Fátima pediu nesta Quinta-Feira Santa aos sacerdotes da diocese “justiça, apoio e reparação” às vítimas dos abusos sexuais.
Na missa crismal que decorreu na Sé de Leiria, o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembrou que “foram dados passos significativos para conhecer a realidade, em atitude de quem não se resigna nem fecha os olhos diante dos problemas” e “é preciso que prossigamos o caminho iniciado.”
“Juntamente com o mais claro e decidido repúdio e responsabilização de atitudes que nos envergonham e contradizem o nosso ser, tenhamos a coerente atitude de justiça, de apoio e da reparação possível de quem foi vítima daquilo que nunca deveria ter acontecido, especialmente no interior da Igreja”, pediu D. José Ornelas.
Reconhecendo que “não têm sido tempos fáceis”, o bispo considerou ser necessário que “não tememos a verdade que permite identificar e tratar com determinação o que foi condenável e endireitar o que não está direito, mas sem nunca confundir a floresta com a árvore nem se deixar levar por frequentes generalizações mediáticas e injustas e sem consistência.”
Assumindo que “sentimos com humildade e dor as situações do passado, mas continuamos a viver e a coerência da fé, da dedicação e do serviço que nos anima no ministério que nos foi confiado”, o prelado lembrou que “é com a verdade das atitudes que se pode afirmar que a Igreja é lugar seguro de acolhimento, de cuidado atento e de ajuda ao crescimento na alegria, na fé e na esperança.”
Apela à humildade
A cerca de uma centena de sacerdotes da diocese, D. José Ornelas pediu que sejam “a presença misericordiosa de Deus na sua Igreja e no mundo”, pois “Ele quer que, através do nosso modo de ser e agir, mais do que pelas palavras que dizemos, se possa dizer: hoje volta a cumprir-se esta palavra libertadora de Deus que escutámos.”
“Fomos chamados para este serviço da misericórdia, com atitudes e gestos concretos, como fez Jesus”, por isso, “antes de propor códigos morais, antes das normas e por cima delas, a nossa vida, o nosso modo de pensar, discernir, orientar e agir é chamado a ser este alegre e libertador anúncio da presença misericordiosa de Deus, em nome do qual agimos.”
“Não nos façamos grandes ao modo humano, no desempenho das nossas funções, mas tenhamos sempre muita alegria e muito gosto de ser servos livres e dispensadores liberais e cheios de compaixão daquilo que recebemos gratuitamente de Deus”, acrescentou o bispo de Leiria-Fátima.