O Presidente da República já recebeu os decretos do parlamento que alteram a Lei de Defesa Nacional e a Lei de Bases das Forças Armadas. À Renascença, o almirante Melo Gomes espera que Marcelo Rebelo de Sousa assuma as suas responsabilidades sobre uma lei que "não defende interesses do país".
Esta é uma lei que, na prática, pretende reforçar os poderes do chefe do Estado Maior General das Forças Armadas em relação aos três ramos militares.
Mas esta é uma reforma que está longe de ser consensual. Em maio, numa carta aberta assinada por 28 antigos chefes militares, incluindo o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes, as alterações previstas mereceram forte contestação e um apelo à realização de um debate alargado à sociedade civil.
Contactado esta quarta-feira pela Renascença, o almirante Melo Gomes, antigo chefe do Estado Maior da Armada, um dos signatários da missiva, mantém todas as críticas à reforma que foi desenhada.
“Não tenho todos os elementos que o senhor Presidente tem para tomar uma decisão, mas a minha posição é a de sempre: esta lei não defende os interesses das Forças Armadas nem do país”, afirma o almirante Melo Gomes.
Marcelo Rebelo de Sousa “assumirá as suas responsabilidades” como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas, sublinha.
“Na política não há estados de alma, há a realidade. Não sou eu que vou cometer a imprudência qual devia ser a posição do senhor Presidente”, conclui o almirante Melo Gomes.