As taxas Euribor estão a descer, notícia que acaba por ser algo inesperada. O colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, nos EUA, acabam por ter um efeito positivo nas taxas de referência.
Os mercados estão com receio de que falência de bancos nos Estados Unidos seja o início de uma nova crise financeira mundial, à semelhança da que aconteceu em 2008.
Por isso, a expectativa é a de que os bancos centrais, que mantiveram até aqui um ritmo de subida muito elevado das taxas de juro para travar a inflação, vão agora ter de pensar duas vezes antes de arriscarem novas subidas de juros de grande dimensão.
Os juros elevados acabam por afastar os investidores dos bancos e o cliente comum deixa de poder pagar os seus empréstimos, situações que podem levar a uma fuga de clientes e de fundos, o que por sua vez levaria a problemas generalizados nos bancos.
Quanto é que as taxas Euribor estão a descer?
Desceram de forma muito acentuada esta terça-feira, especialmente nos prazos mais longos. Nas taxas a 12 e a 6 meses, recuaram quase 0,35 pontos percentuais. A taxa a 3 meses também regrediu 0,204 pontos.
Sobretudo nos prazos mais longos, é, de facto, uma boa notícia, porque são os prazos mais utilizados para o crédito à habitação.
Isso quer dizer que renegociar o crédito à habitação poderá ser ainda mais vantajoso do que o esperado?
Sim, porque a expectativa anterior era a de que as taxas iriam continuar a subir. Neste sentido, renegociar créditos com base nas taxas atuais, que estão agora a descer, acaba por ser ainda mais vantajoso.
No entanto, torna-se um azar para os que acordaram novos contratos nas últimas semanas, uma vez que a renegociação se fixou em taxas ligeiramente superiores. Ainda assim, se esta tendência se mantiver, o valor da prestação poderá cair dentro de alguns meses.
A tendência de queda das taxas Euribor vai continuar?
Nesta altura, é ainda imprevisível. Se persistirem sinais de instabilidade nos bancos, certamente que os juros deverão baixar. Contudo, se a crise bancária nos EUA não tiver mais consequências e a inflação não baixar, os juros podem voltar a subir.
A verdade é que há outros bancos norte-americanos também a demonstrar sinais de instabilidade. É o caso do First Republic Bank, por exemplo, que viu o seu valor cair 76% na primeira parte da sessão. E, em geral, os títulos do setor financeiro mantiveram-se em baixa, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa.
É possível prever quando é que haverá novas decisões sobre as taxas de juro?
No caso da Europa, que é o que nos interessa no imediato, esta quinta-feira haverá nova reunião do Banco Central Europeu, para a qual estava prevista, inicialmente, uma decisão favorável à subida das taxas diretoras em 0,5 pontos percentuais.
No entanto, perante os mais recentes desenvolvimentos, a política poderá ser outra. Mesmo que não tenha efeitos imediatos, numa das próximas reuniões, o Banco Central Europeu poderá moderar a sua política de aumento dos juros, de forma a evitar problemas no setor financeira, mais concretamente, nos bancos.