Mais de 80 escolas destruídas ou afetadas pelos ataques terroristas dos últimos seis anos na província moçambicana de Cabo Delgado reabrem no ano letivo de 2024, que arranca em fevereiro.
Trata-se de 82 escolas localizadas nos distritos de Palma, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Quissanga, Nangade e Meluco, que se preparam para reabrir as portas na próxima semana, segundo confirmou Rachide Sualehe, substituto do diretor provincial de Educação de Cabo Delgado.
"Estas escolas serão reabertas naqueles distritos que muito foram fustigados pelo terrorismo", disse.
Apesar de Mocímboa da Praia ter voltado a registar ataques insurgentes à população e a militares, com registo de vários mortos e elevada destruição, no final de dezembro e início deste mês, o representante da direção provincial garantiu que o ambiente naquele distrito permanece seguro.
Além disso, apontou para a reabertura de 40 escolas que estavam encerradas, praticamente metade das que regressam à atividade no novo ano letivo em Cabo Delgado.
"Em Mocímboa da Praia, apesar dos pequenos focos que aconteceram há bem pouco tempo, as condições ainda estão criadas para que o distrito esteja a funcionar em termos educacionais. Nós temos lá muitas escolas que vão reabrir neste ano. Significa que se até ao momento de abertura do ano letivo não houver mais situações conflituosas provocadas pelo terrorismo, teremos cerca de 40 escolas a funcionar em Mocímboa da Praia. Isso significa que a situação está a ser controlada de certa maneira", avançou Sualehe.
Quase 200 escolas encerradas no ano letivo de 2023
Cabo Delgado contava com quase 200 escolas encerradas no ano letivo de 2023 devido aos ataques terroristas e situação de insegurança, mas as autoridades locais decidiram reabrir mais estabelecimentos de ensino face à estabilidade atual na área.
"São sítios permitidos pelas nossas Forças de Defesa e Segurança, porque as aberturas não são feitas de forma aleatória", vincou Rachide Sualehe.
A província de Cabo Delgado conta com pouco mais de mil escolas, incluindo as que se encontram encerradas devido ao conflito armado.
O setor da educação ainda não alcançou as metas das matrículas para a primeira classe, onde até ao momento estão inscritos 115 mil dos cerca de 140 mil alunos previstos.
Desde o início do conflito armado, a cidade de Pemba, capital da província, acolheu pouco mais de dez mil alunos deslocados. No entanto, com o restabelecimento das condições de segurança, quase metade, segundo as autoridades locais, já regressou aos seus distritos de origem, embora em algumas localidades ainda com as escolas por recuperar.
A província de Cabo Delgado enfrenta há mais de seis anos um levantamento armado com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu em 22 de novembro "decisões" sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em Cabo Delgado, nomeadamente com reservistas, tendo em conta a retirada das forças da SADC que apoiam no terreno contra os grupos terroristas, prevista para julho.