Informação apagada de telemóvel após intervenção pedida por chefe de gabinete de Galamba, diz ex-adjunto
17-05-2023 - 16:20
 • Ricardo Vieira

Frederico Pinheiro disse no Parlamento que foi ameaçado fisicamente pelo ministro João Galamba. André Ventura pede à comissão de inquérito que reporte casos ao Ministério Público.

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Frederico Pinheiro, o ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, diz que foi apagada informação do seu telemóvel do serviço, após uma intervenção pedida pela chefe de gabinete, e alega que foi ameaçado por João Galamba durante uma conversa telefónica.

Em declarações na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, Frederico Pinheiro deu a sua versão dos factos que levaram à sua exoneração do ministério.

Questionado pelo deputado André Ventura, do Chega, o ex-adjunto de João Galamba diz que consentiu a intervenção no seu telemóvel de serviço e que tal resultou num "apagão" de documentos e conversas no WhatsApp.

“Naquela manhã de 6 de abril, dia seguinte a eu ter enviado o comprovativo ao Dr. João Galamba de que o próprio tinha dado autorização e aprovado a participação da CEO da TAP na reunião do dia 17 de janeiro. A Sra. chefe de gabinete pede-me para procurar todas as comunicações com a engenheira Christine. Eu falava com a engenheira Christine maioritariamente por telefone ou por mensagens de WhatsApp, que tinha esse mecanismo de se apagarem todas as semanas automaticamente. Nesse momento, a Dra. Eugénia Correia insiste para eu procurar mais informação e pede a um técnico de informática do gabinete para se tentarem recuperar essas mensagens", relatou Frederico Pinheiro.

Em resultado dessa intervenção “foi apagado do meu telemóvel os documentos e conversas do WhatsApp anteriores à manhã de 6 de abril deste ano”, adiantou.

O ex-adjunto diz que consentiu a intervenção: "Com certeza. É um telemóvel de serviço e não tenho nenhuma intenção de omitir informação. Tentei cooperar sempre".

Na sequência destas declarações de Frederico Pinheiro, André Ventura pediu à CPI que reporte os factos ao Ministério Público, por considerar que uma intervenção deste género só deve acontecer por ordem judicial ou policial.

Frederico Pinheiro concordou em entregar telemóvel à Polícia Judiciária para tentar recuperar as mensagens.

O ex-adjunto do ministro das Infraestruturas garantiu que não tem qualquer documento classificado em seu poder.

André Ventura também perguntou se Frederico Pinheiro foi ameaçado fisicamente por João Galamba. O deputado disse que "a expressão que é pública é: 'se estivesse ao pé de mim levava dois socos'".

Após uma troca de palavras com o seu advogado, Frederico Pinheiro respondeu: “Sim senhor deputado, foi isso que aconteceu”.

Durante a comissão parlamentar de inquérito, o ex-adjunto disse que foi sequestrado no Ministério das Infraestruturas.

O deputado do Chega pediu à CPI para reportar esta situação ao Ministério Público, porque o crime de sequestro é um crime público.

[notícia atualizada às 18h08]