Dinheiro gasto com internamentos sociais "seria mais bem investido em apoios sociais"
02-06-2023 - 09:32
 • Teresa Almeida

Há mais 60% de internados nos hospitais portugueses por não terem para onde ir. E que custam ao estado mais de 226 milhões de euros. Dinheiro que segundo a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares deveria ser aplicado na criação de respostas ao problema.

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, diz que é preciso saber aplicar bem o dinheiro que já está a ser gasto por se manter estas pessoas nos hospitais do SNS.

O responsável reage deste modo à notícia de que há cada vez mais pessoas que, apesar de já terem tido alta, continuam nos hospitais por não terem para onde ir. Os dados resultam do VII Barómetro de Internamentos Sociais, realizado pela APAH.

"Contabilizados todos os custos, a questão que podemos colocar é a de que se este dinheiro não seria mais bem investido em apoios sociais, no alargamento da rede, quer em cuidados continuados quer de estruturas para pessoas idosas”, diz Xavier Barreto à Renascença.

"Ttrata-se de boa gestão de dinheiro publico e uma melhor alocação deste dinheiro que já estamos a gastar”.

Para o presidente da APAH, "é urgente recuperar soluções concertadas entre os setores da Saúde e da Segurança Social, encontrando respostas adequadas para estes doentes”.

Barreto diz que faltam vários apoios como psicossociais, formação dos cuidadores informais e outras estruturas físicas que complementem as necessidades destas pessoas como vagas em rede de continuados integrados e em lares. "É um diagnóstico feito já há muitos anos e que, infelizmente, se tem mantido."

Os dados do barómetro derevelam sobretudo, a falta de uma rede nacional de cuidados continuados integrados. Além de o número de pessoas que prolongam a permanência nas unidades hospitalares ser elevado, o tempo que estas pessoas permanecem nos hospitais também se prolonga. Este ano, esse número de dias de internamento aumentou de 30 mil para mais de 100 mil, situação que segundo Xavier Barreto "tem vindo a crescer e tende a crescer se nada for feito”.