O novo governo palestiniano, composto por cidadãos oriundos de Gaza, quatro mulheres e licenciados nos Estados Unidos, tomou hoje posse em Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana, mas já suscita o ceticismo da população.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, está sob pressão da comunidade internacional, nomeadamente dos Estados Unidos, que exigem "reformas administrativas" que "beneficiem o povo".
Depois de ter sido nomeado primeiro-ministro em meados de março, o economista Mohammed Mustafa, 69 anos, antigo funcionário do Banco Mundial em Washington e conselheiro próximo de Abbas, apresentou na quinta-feira um executivo composto por 23 ministros com perfis variados.
Todos eles foram empossados um a um hoje à noite em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
A prioridade do governo será trabalhar na "reunificação das instituições, incluindo a assunção da responsabilidade por Gaza", disse Mustafa na quinta-feira, numa carta em que apresentava o seu programa governativo.
O chefe do governo, que é também ministro dos Negócios Estrangeiros, insistiu na "reconstrução" dos Territórios Palestinianos, principalmente da Faixa de Gaza, devastada pela guerra em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, matéria para a qual irá nomear um coordenador específico.
O movimento Hamas, rival da Fatah de Mahmoud Abbas, tomou o poder neste território em 2007.
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 32 mil mortos, de acordo com o Hamas.
Entre outros projetos importantes, Mustafa também levantou a questão política de Jerusalém Oriental, o setor da Cidade Santa ocupado e anexado por Israel desde 1967, e prometeu medidas para sanear as finanças públicas e reformar as instituições, com uma secção específica sobre a "luta contra a corrupção".
Os seus novos ministros incluem quatro mulheres e seis pessoas da Faixa de Gaza, incluindo um antigo presidente da Câmara da Cidade de Gaza, Majed Abou Ramadan, responsável pela tutela da saúde.
Nas ruas em Ramallah e arredores, o clima era de algum ceticismo.
"Mudar o governo não vai resolver a situação atual, porque a mudança só virá do exterior", disse Souleiman Nassar, 56 anos, dos arredores de Ramallah, em declarações à agência francesa AFP.
Também à AFP, Youssef Odeh, um talhante de 46 anos de Ramallah, afirmou que espera que este governo "atue para melhorar a situação económica".
"Mas parar ou continuar a guerra não está nas suas mãos", concluiu.