O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, desafia a comunidade a construir um "presépio vivo", em que ninguém fica para trás ou esquecido na solidão e na tristeza.
Na sua mensagem de Natal, numa altura em que Portugal continua a sofrer com a pandemia e os seus efeitos colaterais, D. Manuel Clemente dirige-se a todos, mas especialmente a quem "está só, afastado dos familiares e doente".
O cardeal patriarca fala na importância do presépio, como influencia a nossa visão das coisas, permitindo "uma outra maneira de ver a vida".
"A lição do presépio, de um Deus representado assim numa criança que nem sequer nasce numa casa normal, porque não havia lugar para ela na hospedaria e teve que nascer precisamente aí, numa manjedoura, num presépio... tudo isto é uma lição enorme que depois nos dá uma outra maneira de ver a vida, de estar atento às coisas e à grandeza delas na mais pequena e mais frágil das circunstâncias".
Por isso, deixa um apelo para que todos tenham presente neste Natal o nascimento de Jesus, "como ele aconteceu e como continua a acontecer".
E deixa o desafio para cada um de nós não "apenas montarmos presépios", mas fazermos parte do próprio presépio.
Nesse sentido, dá exemplos de presépios vivos que acontecem em Lisboa. É o caso de instituições como a Comunidade Vida e Paz, que apoia os sem-abrigo, ou a Ajuda de Berço, que acolhe crianças em risco.
São dois exemplos, diz, que mostram que "Deus continua presente nas nossas cidades se nós estivermos do lado d’Ele e à sua maneira".
"Que bom será um telefonema para quem esteja só"
Para D. Manuel Clemente, "o presépio é disponível. Se nós o tivermos bem presentes e captarmos verdadeiramente a sua lição, nós próprios nos tornaremos também um presépio vivo para todas as pessoas que estão connosco e daquelas que nos abeirarmos".
E pode ser já, pode ser hoje, sublinha o cardeal patriarca, para a seguir apelar a que o nascimento do Menino Jesus sirva de inspiração a uma sociedade mais solidária e atenta ao outro, mesmo através de gestos simples.
"Tendes aí, certamente, à mão, um telefone dos antigos ou um telemóvel de agora, que bom será um telefonema, uma companhia, para quem esteja só, para quem esteja triste, para quem precise de uma palavra. Então, o presépio acontece! Então, sim, poderá ser Natal todos os dias", afirma D. Manuel Clemente.
A mensagem termina com o desejo de "um Santo Natal para todos".