A Iniciativa Liberal acusa o PSD de “fazer igual ao PS” com o alívio do IRS em apenas mais 200 milhões de euros, em relação ao Orçamento do Estado aprovado no ano passado. Rui Rocha considera que o “choque fiscal” prometido são, afinal, “cócegas fiscais” - e que acabou o estado de graça do Governo ao fim de dois dias.
“Não é um choque fiscal. É um retoque fiscal. Não é nenhuma surpresa para a Iniciativa Liberal, mas marca o fim do estado de graça deste Governo. Durou dois dias. E durou dois dias porque as pessoas não estiveram atentas”, disse o líder da IL na manhã deste sábado, em declarações em Matosinhos.
Rui Rocha sublinha que o partido já tinha alertado durante a campanha eleitoral e que o voltou a fazer durante o debate do Programa do Governo, no Parlamento, nos últimos dias.
O líder da Iniciativa Liberal incentivou ainda Luís Montenegro a dizer aos portugueses qual é o alívio fiscal que o Governo pretende aplicar. “É fundamental que os portugueses saibam com o que contam. Porque, se estivessem desatentos e estivessem a acreditar nesta ideia de choque fiscal, podiam estar a fazer contas de uma vida mais folgada. Não é isso que vai acontecer, porque não há esta capacidade reformista neste Governo da coligação”, atira Rocha.
Nas redes sociais, o liberal já tinha deixado uma mensagem na noite de sexta-feira, considerando que o choque fiscal prometido era, de facto, “cócegas fiscais”.
“Alertámos durante a campanha eleitoral. Alertámos ontem no Parlamento. O Governo finalmente admitiu: o pretenso choque fiscal da AD alívia o IRS em apenas 200 milhões face ao Orçamento do PS que está em execução em 2024. Não é um choque fiscal, são cócegas fiscais que não mudam a vida dos portugueses”, escreveu em publicação.
Também a IL deixou uma mensagem nas redes sociais, onde indicou ser "o único partido em quem os portugueses podem confiar para baixar o IRS" e o único "que faz as questões certas", salientando que, no debate do programa do Governo, no parlamento, tinham questionado o primeiro-ministro sobre o assunto.
Bloco diz que “choque fiscal” do Governo é “embuste”
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, também reagiu na rede social X às declarações do ministro das Finanças, que clarificou que os 1.500 milhões de euros de redução do IRS que tinham sido anunciados por Luís Montenegro afinal representam cerca de 200 milhões.
"A descida do IRS é afinal um embuste. A única promessa que não era a brincar é a redução do IRC sobre os lucros das grandes empresas. Ao fim de uma semana, a imprensa já pede desculpa aos leitores por ter acreditado em Montenegro", lê-se numa publicação de Mariana Mortágua.
Em entrevista à RTP esta sexta-feira, o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, defendeu que a redução de IRS prometida pelo Governo é "mais ambiciosa" do que a medida que vigora desde o início de 2024, mas clarificou que rondará os 200 milhões de euros.
Miranda Sarmento clarificou assim que os 1.500 milhões de euros de alívio no IRS referidos pelo primeiro-ministro esta quinta-feira, no início do debate do programa do Governo, não vão somar-se aos cerca de 1.300 milhões de euros de redução do IRS inscritos no Orçamento do Estado para 2024 e já em vigor.