Há crianças com cancro a fazer quimioterapia no corredor do Hospital de São João, no Porto. A denúncia é feita pelos pais e, de acordo com o “Jornal de Notícias”, esta e outras queixas apontadas ao serviço já foram encaminhadas à administração do centro hospitalar.
A falta de condições estende-se à "Unidade do Joãozinho", para onde as crianças são encaminhadas quando têm de ser internadas e que funciona há quase dez anos em contentores, fora do edifício central do hospital.
À Renascença, o porta-voz do centro hospitalar, Ivo Caldeira, reconhece que os médicos fazem o possível em “condições indignas”, estando à espera que o Ministério da Saúde liberte a verba - prometida em junho - para efectuar obras no serviço.
Bastonário dos Médicos: Adalberto "tem que bater o pé" a Centeno
Por seu lado, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, lamenta a situação e acusa a tutela de nada fazer. “É lamentável que o ministro da Saúde ainda não tenha resolvido uma situação que é muito fácil. O que se está a pedir não é a construção de um hospital novo, é que as crianças e os profissionais, que estão em contentores no jardim do São João, passem para dentro do hospital. Claro que é preciso fazer algumas obras, que custam dinheiro, e, por isso, essa situação não está a ser a ser resolvida”.
Miguel Guimarães desafia o ministro da Saúde a ser mais firme perante o seu colega das Finanças. “O ministro das Finanças não é o responsável pela saúde dos portugueses. Se as situações não se resolvem, se se arrastam no tempo, se existem pessoas a sofrer, o responsável direto é o ministro da Saúde. Ele tem que bater o pé, no Conselho de Ministros, ao responsável das Finanças, porque, se ele não tem capacidade para o fazer, não consegue governar a saúde em Portugal”.
O Ministério da Saúde promete a libertação das verbas para breve, mas não avança uma data precisa.
Condições “indignas” e “miseráveis”
O presidente do Hospital de São João, no Porto, admite que as condições do atendimento pediátrico são “indignas” e “miseráveis”, lamentando que a verba para a construção da nova unidade ainda não tenha sido desbloqueada.
“Há um protocolo assinado, temos um projeto pronto para entrar em execução e não temos o dinheiro libertado que torne possível a execução desse projeto”, afirmou António Oliveira e Silva.
O responsável disse que as obras que não dependem dessa verba têm vindo a ser realizadas, nomeadamente, o novo centro ambulatório para a pediatria, que fica disponível a partir de 15 de junho.
[notícia actualizada às 12h20, com declarações do presidente do Centro Hospitalar do São João]