Cláudio Ramos não assinou pelo FC Porto para ser suplente de Marchesín. O ex-treinador de guarda-redes, Paulo Cadete, que durante quatro anos trabalhou diariamente com Cláudio Ramos no Tondela, garante a Bola Branca que Marchesin não pode dar a titularidade na baliza como um dado adquirido.
“Conhecendo o Cláudio, ele vai ser ambicioso e vai querer jogar. É claro que vai encontrar um guarda-redes enorme, o Marchesin é um guarda-redes de topo. Penso, fundamentalmente, que o Cláudio vai continuar a aprender muito, porque é isso que ele quer. Vai para ajudar o FC Porto a ganhar e, com o seu caráter e humildade vai lutar pelo seu espaço”, diz Paulo Cadete.
Os números de Cláudio Ramos, enquanto guarda-redes do Tondela, impressionam. Foi sempre o dono da baliza entre abril de 2017 e julho de 2020. Só uma mialgia na coxa esquerda, quebrou, em julho passado, a longa série de 103 jogos consecutivos a titular na I Liga, batendo o recorde que pertencia a Rui Patrício, no Sporting.
A perseverança nos treinos é arma fundamental para o guarda-redes que o FC Porto acaba de contratar, revela Paulo Cadete nesta entrevista à Renascença.
“No treino é muito forte e incentiva o treinador para que trabalhe e o potencie cada vez mais. É uma grande arma que o Cláudio tem; nunca está contente com o dia de hoje, porque há um amanhã e ele quer estar mais preparado e evoluir ainda mais. O segredo dele é a humildade e a disponibilidade para trabalhar, o caráter para ouvir os conselhos que lhe fui dando; hoje vejo-o num crescimento fantástico. Está onde está graças ao trabalho dele e à ambição no treino e no jogo”, declara.
Seleção nacional e FC Porto são marcos na carreira
Nesta entrevista, Paulo Cadete revela as caraterísticas técnicas que levaram o FC Porto a contratar Cláudio Ramos.
“Tem uma grande capacidade para se antecipar. Usa a velocidade e em um ou dois metros faz parede e fecha a baliza. Tem essa perspicácia, esse dom de prever o que vai acontecer, movimenta-se bem para fechar o ponto forte de quem vai rematar, ser melhor e não sofrer golos”, diz.
O atual treinador-adjunto do Académico de Viseu encara com grande satisfação o passo que Cláudio Ramos acaba de dar na sua carreira e orgulha-se quando olha para o passado.
“Trabalhei com o Cláudio quatro anos e tive a satisfação de o ver chegar a Tondela, trabalhar com humildade, com a ambição de querer jogar; conseguiu e, fruto do trabalho dele, atingiu um patamar que o levou a ser selecionado por Fernando Santos” diz Paulo Cadete, lembrando esse momento “marcante” da carreira do guarda-redes, quando, em setembro de 2018, foi chamado pela primeira vez à seleção nacional.
“Trabalhamos e colhemos a consequência mais à frente”, sublinha o ex-treinador de guarda-redes, que destaca a importância de o feito ter sido alcançado “num clube com muita humildade e gente humilde como é o Tondela”, diz.
Para Paulo Cadete a ida de Cláudio Ramos para o FC Porto “é outro marco” que o deixa muito satisfeito. “Ainda não falei com ele, mas vou de certeza falar, porque é outro marco que me satisfaz, fruto daquilo que trabalhamos e que sempre nos compensa no futuro”.