O secretário-geral adjunto do PS incitou o líder do PSD a "falar com verdade e transparência ao país", reagindo às declarações de Luís Montenegro de que a economia portuguesa "está muito dependente".
"Em 2014, quando tínhamos mais do dobro da taxa de desemprego e quando crescíamos sete vezes menos do que crescemos no ano de 2022, [Luís Montenegro] parecia estar muito satisfeito. Portanto, é fundamental falarmos com muita verdade e transparência aos portugueses", afirmou João Torres à agência Lusa.
"A guerra na Ucrânia criou um contexto de adversidade, que tem consequências económicas e sociais, mas em Portugal continuamos com razões para acreditar num futuro melhor", disse, que "o crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado é exemplificativo disso".
João Torres falava à margem de uma visita à Noras Performance, empresa produtora da boia portuguesa "U Safe", localizada em Torres Vedras, concelho do distrito de Lisboa onde o PS iniciou o roteiro nacional "PS em Proximidade".
O socialista lembrou ainda que "Portugal foi o segundo país da União Europeia que mais cresceu no ano de 2022", tem uma taxa de desemprego "metade" de 2015 e que, desde 2016, "cresceu acima da média da União Europeia", à exceção de 2020.
O presidente do PSD disse, esta terça-feira, que o país tem uma economia muito dependente e, por isso, quando "há uma constipação na Europa, normalmente isso dá uma pneumonia em Portugal".
Luís Montenegro apontou ainda a necessidade de Portugal ter uma "fiscalidade mais amiga" das famílias e das empresas. No seu entender, se Portugal não tomar esta posição o país vai ficar dependente das "oscilações" da União Europeia.
"Se nós não fizermos isto, vamos andar sempre à espera daquilo que na União Europeia vão sendo as oscilações", reafirmou.
Aos jornalistas lembrou ainda que existem muitas famílias e pessoas que não têm dinheiro para arcar com as despesas essenciais, seja de alimentação, da energia, de consumo de eletricidade, de gás, dos combustíveis, entre outras.
"Nós temos um milhão e 900 mil portugueses que vivem no limiar da pobreza ou aliás, em situação de pobreza, com rendimento inferior a 554 euros, não fora as ajudas do Estado e esse número aumentaria para quatro milhões e 400 mil. Portanto, estamos a falar quase de metade da população portuguesa, que está no limiar de pobreza", referiu.
De acordo com o presidente do PSD, se a economia tiver um período de recessão, de estagnação, de crescimento limitado ou anémico, isto vai dificultar a capacidade de criar condições para essas pessoas saírem do estado de pobreza.