O sistema português contabiliza 225.447 hectares de floresta ardida este ano - o equivalente ao distrito de Viana do Castelo, um valor inferior ao calculado pelo Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que regista 351.522 hectares.
Os números da área ardida foram avançados pela adjunta do comando nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Patrícia Gaspar, no ‘briefing’ sobre os incêndios, realizado após a reunião semanal do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), ressalvando que estes dados vão aumentar quando for feita toda a validação no terreno.
“Os dados que temos, nesta altura, registados no nosso sistema nacional apontam para 225.447 hectares de área ardida, sendo certo que há inúmeras ocorrências das últimas horas que ainda não estão validadas, isto é seguramente um número que vai aumentar à medida que as autoridades competentes vão progredindo na avaliação destas ocorrências”, disse Patrícia Gaspar.
Por sua vez, o Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia (EFFIS) contabilizou hoje 351.522 hectares de floresta ardida, apontando para quase 54.000 hectares queimados só no domingo, o pior dia do ano em número de fogos.
Os dados disponíveis no EFFIS - que apresenta áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite, indicavam que só na zona do Pinhal Litoral, que abrange o Pinhal de Leiria, arderam no domingo e na segunda-feira 11.394 hectares.
Questionada sobre a diferença de valores, Patrícia Gaspar explicou que o sistema europeu “baseia-se numa análise feita por satélite”, enquanto o sistema português aguarda pela validação no terreno.
Patrícia Gaspar disse ainda que estes valores estão "acima da média" dos últimos anos.
Segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os piores anos de sempre em área ardida registaram-se em 2003 (425.839 hectares) e 2005 (339.089).
Segundo aquele organismo da Comissão Europeia, Portugal é o país com maior área ardida da União Europeia, sendo a Itália aquele que se aproxima mais, ficando, ainda assim, a menos de metade do valor em Portugal.
As centenas de incêndios que deflagraram, no domingo, no Norte e Centro de Portugal, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram pelo menos 37 mortos e 71 de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.