A urgência de cirurgia do Hospital de Leiria vai estar encerrada aos fins de semana em outubro, devido à recusa dos médicos de fazerem mais horas extraordinárias.
Segundo fonte da Federação Nacional dos Médicos, o serviço vai estar fechado desde as 8h00 de sexta-feira até às 8h00 da segunda-feira seguinte, em todos os fins de semana de outubro, estando o serviço, nos restantes dias da semana, a funcionar nos seus mínimos, com apenas dois especialistas.
Por isso, os doentes urgentes que careçam de cirurgia terão de ser encaminhados para outras unidades hospitalares.
A situação está a preocupar os utentes que, há muito, se vêm queixando de atrasos constantes no atendimento.
À saída de uma consulta de pediatria, Cátia Silva disse à Renascença que está preocupada com o futuro.
“É preocupante. Sabemos que os nossos profissionais de saúde não estão nem a receber aquilo que deveriam e era importante valorizá-los mais”, disse a jovem.
Há cerca de um mês, teve de recorrer à urgência geral e a experiência não foi boa: “Cheguei às cinco horas da manhã e só fui atendida às 10 horas”, porque “era só um médico para tanta gente”.
Também Délia Gonçalves foi com o filho à urgência há quase uma semana e ainda não sabe o que ele tem.
“Vim cá na semana passada com meu filho, no sábado. Entrámos eram oito e meia da noite, saímos eram três e meia da manhã, igual ou pior do que estava. Entrou depois na terça, às 6h30 da manhã, ainda cá está e tudo isso porquê? Porque não há médicos durante a noite, só um”, explicou a utente.
Uma semana depois, ainda está à espera de uma consulta de cirurgia, sem saber que problema tem.
Apesar da insistência da Renascença, o Conselho de Administração do Hospital de Leiria continua sem prestar qualquer esclarecimento, além do que enviou, na passada sexta-feira, referindo que estava, “em conjunto com a Direção Clínica e as direções dos Serviços” a trabalhar, “no sentido de procurar as melhores soluções para dar resposta às dificuldades atuais inerentes às escalas médicas nos serviços de Urgência, salvaguardando a segurança e a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos doentes.”