Médio Oriente termina Ramadão com multiplicação de número de infetados
23-05-2020 - 14:55
 • Lusa

Em Portugal, a comunidade islâmica de Lisboa vai assinalar o fim do Ramadão ficando em casa, estando apenas previsto que a mesquita central possa realizar “algumas preces e palestras virtuais”, adiantou o xeque David Munir.

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Os países do Médio Oriente e do Golfo Pérsico terminaram este sábado o mês sagrado do Ramadão, período em que multiplicaram os infetados pelo novo coronavírus, levando as autoridades a impor estreitas medidas para os festejos do "Aid al Fitr".

O fim do Ramadão, e a quebra de jejum que o assinala, celebra-se ao pôr-do-sol de hoje.

Segundo a agência Efe, se em alguns países da região como o Egito, Iraque e Arábia Saudita foram levantadas algumas restrições antes do começo do mês de jejum, os governos fizeram agora marcha atrás e decretaram recolher obrigatório mais amplos, encerramento de comércio e proibição de viajar entre províncias.

No Egito, o recolher obrigatório tinha sido reduzido durante o Ramadão até às 21h00, horas locais, e a partir de domingo, início dos festejos "Aid al Fitr", (fim do Ramadão), e até à próxima sexta-feira, passa a ser às 17h00, horas locais, proibindo desta forma as saídas nas horas de maior atividade do dia, porque são as mais quentes.

Durante este mês especial para os muçulmanos, o Ramadão, as autoridades egípcias registaram um aumento de contágios pelo novo coronavírus em 266%, enquanto as mortes por covid-19 passaram de 294 para 696, segundo uma comparação da agência Efe.

A Arábia Saudita também decidiu voltar a impor o recolher de 24 horas, a partir de hoje e até à próxima quarta-feira, dia em que os muçulmanos se reúnem com a família para celebrar com grandes banquetes o fim do sacrifício do mês de jejum.

O reino da Arábia Saudita é o país da zona que regista mais casos de infetados, com um aumento de 350% no final dos últimos 30 dias, alcançando os 67.719 em 22 de maio, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tanto no Egito, como no reino saudita, as pessoas estão proibidas de circularem entre as províncias e as autoridades do Cairo suspenderam os transportes públicos durante cinco dias para evitar que os egípcios realizem viagens e excursões e regressem às suas localidades de origem.

No Golfo Pérsico, a maioria dos países sentiu um aumento considerável de contágios, embora não de mortes por covid-19, uma vez que também aumentaram o número de testes para detetar a doença.

No Kuwait, os infetados são agora sete vezes mais de que no primeiro dia de Ramadão; no Catar são quase cinco vezes mais e nos Emirados Árabes Unidos o número multiplicou por três.

Em alguns países, as autoridades admitiram que o aumento de casos se deve às multidões nas lojas onde se adquiriam os produtos típicos do Ramadão, assim como nas reuniões para tomar o 'iftar', que é o alimento com que se quebra o jejum ao entardecer e que se costuma fazer com família e amigos.

As mesquitas foram fechadas durante todo o mês em toda a região e não voltarão a abrir para a tradicional oração conjunta do “Aida l Fitr”, que acontece ao amanhecer do primeiro dia após o final do Ramadão.

Em Portugal, a comunidade islâmica de Lisboa vai assinalar o fim do Ramadão ficando em casa, estando apenas previsto que a mesquita central possa realizar “algumas preces e palestras virtuais”, adiantou o xeque David Munir.

Há a possibilidade de este ano se realizarem orações e palestras virtuais, mas David Munir sublinhou que a data já é habitualmente para ficar em casa e celebrar com a família. Visitar outros familiares também não é aconselhado este ano, acrescentou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 335 mil mortos e infetou mais de 5,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,9 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.289 pessoas das 30.200 confirmadas como infetadas, e há 7.590 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.