As eleições para a Comissão Executiva da Iniciativa Liberal (IL) vão ser antecipadas e o presidente João Cotrim Figueiredo anunciou que não será novamente candidato ao cargo.
"A Comissão Executiva da Iniciativa Liberal solicitou ao Conselho Nacional que marque também eleições para a Comissão Executiva na próxima Convenção Nacional, com o objetivo de se proceder ao alinhamento dos mandatos de todos os órgãos estatutários, contribuindo assim para a eficácia da ação política do partido e para a renovação da moção de estratégia global face ao quadro político saído das últimas eleições legislativas", pode ler-se num comunicado enviado às redações.
Segundo o mesmo texto, "João Cotrim Figueiredo comunicou que não será novamente candidato à liderança do partido, dando a oportunidade a uma nova liderança de estar em funções com suficiente antecedência em relação aos próximos atos eleitorais, que terão lugar já a partir do segundo semestre de 2023".
João Cotrim Figueiredo comandou a IL nas eleições legislativas de janeiro deste ano, em que a Iniciativa Liberal passou a quarto partido mais votado e conseguiu oito deputados.
O deputado diz que deixa a liderança da IL "após três anos à frente de uma equipa que difundiu as ideias liberais, que fez crescer a Iniciativa Liberal e que a tornou incontornável na cena política nacional".
João Cotrim Figueiredo refere que "esta decisão, pessoal e politicamente difícil, deve-se ao facto de entender que a estratégia para que o partido continue a crescer deve ser diferente daquela que o fez crescer de forma significativa até agora”.
“O trabalho de oposição a uma maioria absoluta e o posicionamento dos diversos agentes político-partidários implicam uma postura distinta por parte da Iniciativa Liberal. O partido precisa de uma tónica mais combativa, mais popular e mais abrangente a nível nacional e considero não ser eu a pessoa ideal para a corporizar”, sublinha.
Para Cotrim Figueiredo, “uma nova liderança trará uma renovada energia e um redobrado sentimento de esperança à Iniciativa Liberal e aos portugueses”, devendo por isso “estar em plenitude de funções com a antecedência suficiente face às batalhas eleitorais que ocorrerão a partir do segundo semestre de 2023”.
Lembrando que com a antecipação das eleições o partido poderá “sincronizar os mandatos de todos os órgãos consagrados nos seus estatutos, o que contribuirá decisivamente para a eficácia da sua ação política”, refere que a decisão “de natureza estritamente individual” de não se recandidatar ao cargo de presidente da Comissão Executiva é feita “três anos à frente de uma equipa que difundiu as ideias liberais, que fez crescer a Iniciativa Liberal e que a tornou incontornável na cena política nacional”.
“Esta decisão baseia-se numa análise política objetiva, tanto do contexto interno como externo, e demonstra a minha convicção de que as ideias liberais falam sempre mais alto do que qualquer protagonista que, num dado momento, possa ser chamado a dar-lhes voz”, enfatizou.
Cotrim Figueiredo mantém-se como deputado após deixar liderança da IL em dezembro
João Cotrim Figueiredo vai continuar como deputado após deixar a liderança da IL em dezembro, assegurando que a decisão de antecipar eleições sem se recandidatar não se deveu a problemas internos, mas a uma “análise política objetiva”.
Cotrim Figueiredo explicou que a decisão de não recandidatar foi pessoal e “feita com base numa leitura política e sem qualquer ligação com eventos internos do partido”.
“Vou continuar como deputado depois de dezembro”, respondeu, quando questionado sobre a continuidade na Assembleia da República depois de deixar a liderança liberal.
Sobre a possibilidade desta saída inesperada poder prejudicar o partido eleitoralmente, o ainda presidente da IL assumiu que há esse risco, mas ressalvou que aquilo que os liberais têm “feito particularmente bem em política envolveu sempre um grau de risco”.
“Não fugimos desse risco e da necessidade de tomar decisões corajosas, agora gostaríamos que esta decisão também fosse vista como uma forma de desligar a qualidade das ideias que estão no espaço público da popularidade dos protagonistas que lhes dão voz”, disse.
Cotrim Figueiredo assumiu não ser “vulgar num partido estabilizado, com um líder com alguns sucessos eleitorais recentes e com popularidade se proponha não continuar em funções”, mas garantiu que “a razão tem a ver com uma análise política, objetiva” para “resolver dois problemas”.
“Achei que era esta a altura, a única altura aliás, onde conseguia resolver os dois problemas porque encurtando o mandato da comissão executiva resolvia o problema da sincronização dos mandatos dos órgãos internos e antecipando a não recandidatura acabo por dar à nova liderança que vier a seguir destas eleições de dezembro mais tempo para se preparar, para se tornar notada, para se tornar notória e portanto poder fazer as ideias liberais ir mais longe possível”, sintetizou.
Questionado sobre a candidatura já anunciada do deputado Rui Rocha à liderança da IL, considerou que o candidato tem “as qualidades políticas” que considera “necessárias e importantes para a fase seguinte da IL”.
Sobre se se vai manter distante em termos de apoios nesta corrida à sua sucessão, Cotrim Figueiredo disse que isso “depende das candidaturas que tiverem em presença”.
O liberal defendeu que, apesar de não ser frequente, os portugueses talvez se devessem habituar à análise política de alguém que “vê que não é a pessoa ideal para fazer determinado tipo de abordagens políticas à oposição, mais combativas, mais populares, mais abrangentes a nível nacional”.
“Reconheço as minhas limitações e portanto acho que há pessoas no partido com mais capacidade de o fazer”, admitiu.