EUA passam a enviar requerentes de asilo para o México. Organizações humanitárias falam em risco de morte
21-12-2018 - 01:32
 • Ricardo Vieira, com agências

O Governo mexicano diz que vai aceitar alguns migrantes por razões humanitárias, num acordo que está a ser interpretado por muitos como uma cedência do Presidente Lopez Obrador a Donald Trump.

Os Estados Unidos vão passar a enviar para o México os migrantes não-mexicanos que estejam a aguardar resposta a pedidos de asilo, anunciou esta quinta-feira a administração norte-americana.

Trata-se de uma mudança importante na política imigração por parte de Washington, que já está a ser criticada pelas organizações humanitárias.

“Queremos desencorajar aqueles que reivindicam fraudulentamente o direito ao asilo”, argumenta a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen.

O Governo mexicano diz que vai aceitar alguns desses migrantes por razões humanitárias, num acordo que está a ser interpretado por muitos como uma cedência do Presidente Lopez Obrador a Donald Trump.

Em resposta a este plano, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do México salientou que o país ainda tem o direito de aceitar ou rejeitar a entrada de estrangeiros no seu território.

“O Governo mexicano decidiu dar este passo para benefício dos migrantes, em particular os menores acompanhados ou desacompanhados, e proteger os direitos daqueles que pretendam iniciar um processo de asilo nos Estados Unidos”, explica a diplomacia mexicana.

A organização não-governamental Amnistia Internacional (AI) já condenou o acordo celebrado entre Estados Unidos e México.

A AI considera que o México não é um local seguro para as pessoas que procuram proteção, como é o caso de muitos migrantes em fuga de países como El Salvador ou a Guatemala.

O novo acordo pode ser fatal para muitas dessas pessoas, alerta a Amnistia.

O Governo norte-americano, apela a organização de defesa dos direitos humanos, tem que tratar das pessoas “com compaixão, não com desprezo, e permitir que elas procurem a segurança nos Estados Unidos”.