Vitória do "sim" na Catalunha. Próximo passo: independência?
02-10-2017 - 02:20

As autoridades fazem um balanço de 844 feridos, entre os quais 33 polícias.

Veja também:


No final de um dia marcado pela tensão e pela violência, o “sim” ganhou de forma expressiva na Catalunha. Madrid continua a considerar o referendo deste domingo sem efeito, mas o Presidente da Catalunha já anunciou a vontade de levar para a frente a declaração unilateral de independência.

O Governo da Catalunha publicou ao final da noite de domingo os resultados do referendo. O “sim” ganhou com 90% dos votos, depois de contados quase 2,3 milhões de votos.

Momentos antes, o Presidente da Catalunha tinha anunciado que o Parlamento iria fazer cumprir a decisão do povo.

“Os cidadãos da Catalunha ganharam o direito a um Estado independente”, declarou Carles Puidgemont.

O Presidente do Governo regional abriu, assim, as portas para a declaração unilateral de independência.

Já Mariano Rajoy reafirmou a inconstitucionalidade da consulta popular, considerando que se tratou de uma “irresponsável estratégia política”.

O presidente do Governo espanhol chegou a afirmar: “Não houve um referendo de autodeterminação na Catalunha”.

O governante anunciou que vai convocar todos os partidos políticos com assento parlamentar para um encontro de reflexão sobre o futuro do país.

Um dia marcado pela violência

Quando às 8h00 abriram as urnas na Catalunha, o clima já era de tensão. O nível dos confrontos entre governantes, civis e polícia vinha a aumentar desde o dia 6 de Setembro, quando o Governo catalão aprovou o referendo.

Ao longo do dia de domingo, a Polícia Nacional e a Guardia Civil envolveram-se em várias situações de violência contra aqueles que se preparavam para votar.

Com o objectivo de impedir a votação, os agentes policiais afastaram à força os eleitores, invadiram escolas e fecharam mesas de voto.

A carga policial fez mais de 800 feridos, incluindo cidadãos atingidos pelas balas de borracha disparadas pela polícia.

A polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, foi acusada de ter tido um papel pouco interventivo, limitando-se nalguns casos a observar a multidão.

Embora a violência tenha marcado o dia, houve locais, em Barcelona e noutras cidades catalãs, onde a votação aconteceu de forma pacífica, sem intervenção policial.

Dominó de reacções políticas

O secretário-geral do Partido Socialista espanhol (PSOE) falou ao país logo depois de Mariano Rajoy. Pedro Sánchez dirigiu duras críticas aos governantes em Madrid e na Catalunha.

A situação de violência que se viveu este domingo na Catalunha é, para o líder da oposição, o “epílogo” de uma má gestão da situação por parte de Rajoy e Puidgemont.

Sánchez apelou à negociação e ao regresso “à responsabilidade”.

Mais tarde, Pablo Iglesias, líder do Podemos, e Ada Colau, presidente da Câmara de Barcelona, pediram a demissão do primeiro-ministro espanhol.

Iglesias desafiou ainda o PSOE a deixar cair o apoio ao Governo de Madrid e a participar numa moção de censura.

A plataforma “Taula per la Democràcia”, que reúne um grupo de sindicatos na região, apelou à realização de uma greve geral para dia 3 de Outubro.

A convocatória surgiu depois de uma reunião dos sindicatos com o vice-presidente do Governo catalão.

O Governo catalão reúne esta segunda-feira de manhã, de forma extraordinária, anunciou o “El País”.