As más condições de muitas das escolas vão estar em debate, nesta quinta-feira, no Parlamento. Com a pandemia, muita coisa ficou para trás mas, com o retomar da normalidade, os deputados pedem ao Governo que tome medidas.
Há quase três dezenas de projetos de resolução que ficaram parados por causa da pandemia, da autoria de diferentes bancadas parlamentares, da esquerda à direita. Todos eles pedem obras urgentes em algumas das escolas mais degradadas do país.
Aula a 800m da escola
Entre os casos que vão ser discutidos está o da Escola Secundária João de Barros, em Corroios, no concelho do Seixal.
A escola está em obras há mais de uma década, o que traz implicações no dia-a-dia de toda a comunidade educativa, diz António Carvalho, diretor deste estabelecimento de ensino.
“Temos de ter em atenção que nós temos 1.400 alunos, cerca de 100 professores, 25 assistentes operacionais e 10 assistentes técnicos a trabalhar num terço da área da escola. Temos um baixo número de monoblocos que servem para os alunos terem aulas e realizar a sua aprendizagem. As aulas de Educação Física são feitas num clube que fica a sensivelmente 800 metros da escola e, como esta situação tem implicações provocadas pela obra, temos um autocarro que faz essa deslocação", conta à Renascença.
O grande receio de António Carvalho é que o prazo de conclusão da obra volte a derrapar.
“A experiência tem demonstrado que raramente acontece um cumprimento de prazo. Logo, em princípio, vai demorar algum tempo, mas, para nós, o mais importante é que não pare”, diz.
Ainda o amianto
Em muitas outras escolas, as obras ainda nem começaram. As queixas têm chegado ao movimento “A Escola É Pública”, cujo presidente, André Julião, fala de escolas ainda com amianto e degradadas.
“Há casos de escolas que têm projetos para a construção de novos equipamentos sucessivamente adiados, onde faltam, por exemplo, pavilhões para a prática de Educação Física, onde a mesma sala serve de refeitório, sala polivalente e ginásio”, descreve.
“Temos também casos de escolas com amianto, cujas obras, apesar de estarem inseridas no programa nacional de remoção do amianto, foram sendo adiadas”, acrescenta, em declarações à Renascença.
Dormir no corredor
Na escola básica com jardim de infância da Pousa, em Barcelos, o amianto ainda é um dos problemas. O jardim de infância era frequentado por 30 crianças, mas, neste ano letivo, juntaram-se mais 70.
O espaço ficou pequeno para tantas crianças e acresce o facto de ainda ter coberturas de amianto, diz Cristiano Coelho, da associação de pais.
“Além de ter 100 crianças num edifício com amianto e graves problemas de infiltração, o espaço é reduzido, é mínimo, não há salas para todas as turmas. Há crianças com 3 anos, que têm o hábito de fazer a sesta, mas não há sítio onde as colocar, temos de colocá-las em corredores”, conta.
É o retrato de uma das escolas à espera de obras. De Norte a Sul do país, há muitas onde alunos, professores e auxiliares convivem com más condições, desde janelas partidas, tetos a ameaçar cair e recreios em alcatrão e com buracos.