A Associação Internacional de Futebolistas Profissionais (FIFPro) manifestou preocupação com o possível impacto da criação de Superliga europeia, e lamentou que os jogadores sejam ignorados nas negociações e ameaçados de exclusão das seleções dos seus países.
"A chegada do futebol europeu a este ponto de possível rutura é reflexo de uma governação na qual alguns tem usufruído de demasiados poderes, e grupos como os jogadores, e os adeptos têm sido ignorados", refere a FIFPro, em comunicado.
A associação considera que as ameaças "de uma competição separada e as posteriores concessões para reformar as competições europeias condicionaram a tomada de decisões durante anos", e entende que esta decisão de alguns clubes "substitui os debates transparentes e inclusivos sobre a reforma das competições".
"Os jogadores continuam a ser usados como ativo e alavanca nas negociações. Isto é inaceitável para a FIFPro, para as 64 associações nacionais e mais de 60.000 jogadores que representamos", refere o comunicado, acrescentando: "Opomo-nos totalmente a medidas, de qualquer das partes, que retirem direitos aos jogadores, como, por exemplo, a sua exclusão das seleções".
O organismo manifesta-se disponível para trabalhar com todas as partes interessadas na tomada de decisões que "apoiem o futebol a todos os níveis e reparem os seus problemas atuais, tendo em conta os interesses dos jogadores e de toda a indústria".
"O futebol baseia-se num património social e cultural único, e para que este se mantenha é fundamentam uma cooperação sã e solidária entre as competições nacionais e internacionais. Uma nova competição que prejudique estes princípios pode causar danos irreparáveis", considera a FIFPro.
A criação de uma Superliga europeia de futebol foi no domingo anunciada, em comunicado, por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália, que pretendem desenvolver uma competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, em oposição à UEFA.
AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, "uniram-se na qualidade de clubes fundadores" da Superliga, indica o comunicado. FC Porto rejeitou o convite, anunciou o presidente Pinto da Costa.
Os promotores da Superliga adiantam que a prova será disputada por 20 clubes, pois, aos 15 fundadores - apesar de terem sido anunciados apenas 12 -, juntar-se-ão mais cinco clubes, qualificados anualmente, com base no desempenho da época anterior.
11 portugueses em risco
O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, confirmou que os jogadores que integram os clubes que vão disputar a Superliga Europeia estarão proibidos de ser convocados para as seleções nacionais e de participar nos Campeonatos da Europa e Mundiais.
"Os jogadores que vão jogar na Superliga vão ser banidos de jogar no Mundial e no Europeu. Não vão poder jogar pelas seleções nacionais", afirmou o representante máximo da UEFA.
Há 11 jogadores portugueses nos 12 clubes fundadores da Superliga: João Félix (Atlético de Madrid), Francisco Trincão (Barcelona), Diogo Dalot e Rafael Leão (AC Milan), Cristiano Ronaldo (Juventus), João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva (Manchester City), Bruno Fernandes (Manchester United), Diogo Jota (Liverpool) e Cédric Soares (Arsenal)