Três vices, três demissões. Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete do Presidente ucraniano, assim como o vice-ministro da Defesa, Vyacheslav Shapovalov, e o vice-procurador geral da Ucrânia renunciaram aos respetivos cargos esta terça-feira.
Segundo os média ucranianos, são ainda esperadas várias demissões nos governos central e regionais ao longo do dia. Saídas surgem depois do anúncio da remodelação profunda das estruturas governamentais anunciada por Volodymyr Zelensky, esta segunda-feira.
Tymoshenko já havia comunicado a Zelensky a vontade de abandonar o cargo esta segunda-feira, de acordo com a Reuters. Na rede social Telegram, o agora antigo vice-chefe do gabinete presidencial agradeceu a confiança que lhe foi depositada e a "oportunidade para fazer boas ações ações todos os dias, em todos os minutos".
Já na carta de demissão, revelada pela agência ucraniana Ukfrinform, Tymoshenko agradeceu "a todos os chefes de administrações regionais militares". "Construímos a equipa mais poderosa do país. Vocês são incríveis. São os verdadeiros guerreiros da luz!"
O antigo vice-chefe de gabinete agradeceu ainda a "todos os ucranianos pela confiança". "Agradeço às Forças Armadas da Ucrânia por defenderem o nosso país. Agradeço à minha mulher e filho pela compreensão e apoio", acrescenta.
Kyrylo Tymoshenko não especificou o motivo da sua renúncia. Entretanto, o website da Presidência da Ucrânia já publicou uma nota a aceitar o pedido de demissão de Tymoshenko, que desempenhava ocupava o cargo desde 2019.
Deverá ser substituído pelo governador do oblast de Kiev, Oleksiy Kuleba, de acordo com o jornal The Kyiv Independent.
Segundo a imprensa ucraniana, o antigo vice-chefe do gabinete do presidente era um dos alvos da opinião pública, sobretudo pelo uso de carros e casas de luxo, num momento em que o país se vê a braços com a invasão russa.
Face às acusações de ligações promíscuas e corruptas a oligarcas ucranianos, Tymoshenko sempre desmentiu os rumores de que poderia estar a abusar da ajuda financeira e humanitária internacional de que o Estado ucraniano tem beneficiado.
Há mais dois vices de saída
O vice-ministro da Defesa, Vyacheslav Shapovalov, também anunciou que abandona o cargo esta terça-feira, avança o jornal The Guardian. A imprensa ucraniana tem avançado que o governante inflacionou os preços na compra de alimentação e equipamento militar para abastecimento das tropas ucranianas.
No mesmo comunicado, o vice-ministro demissionário refuta as acusações e explica que pediu a demissão por não querer ser um "risco no abastecimento estável das Forças Armadas, no seguimento de uma campanha de alegações [de corrupção] relacionadas com a compra de serviços de alimentação".
O jornal britânico dá conta ainda da saída de Oleksiy Symonenko, vice-procurador geral da Ucrânia. Mais uma vez, não há uma justificação para a renúncia, pelo que o comunicado oficial do Governo apenas salienta que Symonenko se demitiu "por vontade própria".